quarta-feira, 12 de março de 2008

Cordel e música popular (Carlos Silva)


POESIA E CANTORIA COM CARLOS SILVA
Quando o dia começa bom é desse jeito.
Até o sol de Mossoró resolve dar uma trégua e a chuva cai, molhando a terra e alegrando gente, bichos e plantas.
Os que têm água em abundância que me perdoem, mas, pra nós que vivemos debaixo desse sol inclemente, é muito bonito um dia de chuva.
Não foi à toa que, ao compor QUARENTA VOLTAS EM TORNO DO SOL, escrevi o refrão assim:

Quarenta voltas em torno do Sol
Voando à bordo do planeta Terra
Nessa viagem já vi tanta guerra,
Em compensação, no futebol,
Vi o Brasil ser penta campeão,
Na informática a evolução
Fez nosso planeta encolher,
Mas o que eu ainda gosto mais de ver
É chover no sertão.

E hoje deu de não chover apenas água, mas também poesia.
Abro minha caixa de e-mails e me deparo com mensagem do grande poeta e cantador
CARLOS SILVA, dando a notícia de que no próximo dia
29 DE MARÇO, ÀS 18 HORAS, VAI GRAVAR O SEU DVD,
NA Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, Zona Oeste, EM SÃO PAULO.

Grande poeta, como dizemos nós do Nordeste:
“Ah eu lá!”.
Mas não tem nada, não. A tecnologia há de permitir que breve eu tenha o prazer de assistir tudo, vendo o seu DVD.
E como sei que você é um cabra que prefere o falar nordestinês aos estrangeirismos que assolam o país, esclareço logo que pretendo ver o seu DVD em meu HOME THEATER, num HAPPY HOUR com MY FRIENDS...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Cordel e Educação

Ricardo Oliveira da Silva
A foto foi obtida no site varzeaalegre.ce.gov.br,
onde há matéria completa sobre a vitória de Ricardo.

RICARDO, DE VARZEA ALEGRE PARA A MATEMÁTICA
Depois do desempenho do BICAMPEÃO varzealegrense Ricardo Oliveira da Silva na Olimpíada Nacional de Matemática, o mínimo que posso fazer é trazer aos leitores de MundoCordel os versos de outro varzealegrense vencedor, MUNDIM DO VALE, para homenageá-lo:

Para ver a matéria veiculada no Fantástico sobre o fato, clique aqui.

AJUDANTE DO BRASIL
Mundim do Vale

O fantástico apresentou
Em matéria sistemática
Campeão de matemática
Que Várzea Alegre mandou.
O garoto até falou
Com o seu jeito infantil:
- A educação do Brasil
Com boa vontade muda
Hoje o Brasil me ajuda
Depois ajudo o Brasil.

Garoto determinado
Deu exemplo ao estudante
Que tem saúde bastante
E anda em carro importado.
Depois fica reprovado
Vai pra recuperação
Repete a decepção,
Enquanto um deficiente
Foi até o presidente
Emocionar a nação.

Falei em deficiência
Mas pretendo corrigir
O garoto há de sair
Do estado de carência.
Ele tem inteligência
Ainda com pouca idade,
Pra conter dificuldade
Imposta pelo destino.
Pois tem aquele menino.
Futuro e prosperidade.

A sua limitação
E uma vida sofrida,
Foi o ponto de partida
Para condecoração.
Quem mora aqui no sertão
Tem a plena consciência,
Que existe deficiência
De educação e transporte.
Porém Ricardo foi forte
Comprovando eficiência.

Várzea Alegre despontou
Na mídia nacional
E o gestor municipal
Muito contente ficou.
Foi ele quem indicou
Um jovem de qualidade,
Que mostrou capacidade
Erguendo a nossa bandeira.
E assim Ricardo Oliveira
Projetou nossa cidade.

terça-feira, 4 de março de 2008

Leandro Gomes de Barros



90 ANOS DE ENCANTAMENTO


Para não dizer que passou em brancas nuvens, resta a matéria do jornalista LORENZO ALDÉ, na REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, e os posts colocados em fotologs sobre os 90 anos de morte da maior expressão da poesia popular no Brasil. Leandro foi considerado por Carlos Drummond de Andrade maior que OLAVO BILAC. Ele é tão importante para o CORDEL quanto MACHADO DE ASSIS é para Literatura Oficial Brasileira. O mestre de Pombal-PB ainda precisa ser melhor conhecido e respeitado pela gente desse país continental tão sem memória.


LEANDRO GOMES DE BARROS

* 19 de novembro de 1865

+ 04 de março de 1918


Ilustração: JÔ OLIVEIRA

Texto: Arievaldo Viana

Cordel e comunicação (Mundim do Vale)



A IMPORTÂNCIA DO CORDEL
Mundim do Vale

Meu caro leitor amigo
Veja um relato fiel,
Eu já rimei a viola
Que faz bem o seu papel.
Agora passo a rimar,
Na cultura popular
A importância do cordel.

No sertão antigamente
Não tinha televisão
O sertanejo vivia
Carente de informação.
O rádio lá não chegava,
E o cordel é quem levava
Notícias para o sertão.

Quando pego num folheto
Me vem a grande lembrança,
Da ligação com cordel
Desde o tempo de criança.
Só sabia soletrar.
Mas consegui decorar
Os Doze Pares de França.

O cordel tem seu valor
Por ser de fácil leitura.
Tem muita arte na capa
Feita em xilogravura.
A métrica faz a grandeza,
A rima gera beleza
Para elevar a cultura.

Foi o cordel que falou
Dos crimes de Lampião
Foi também um seguidor
Do santo Frei Damião.
Fez morada em Juazeiro,
E deu apoio ao romeiro
Do Padim Ciço Romão.

Alfabetizou o pobre
Que não tinha condição
De freqüentar a escola
Pra receber a lição.
Foi o grande mensageiro,
De Antônio Conselheiro
O profeta do sertão.

O cordel já fez campanha
Em tempos de eleição.
Na seca de trinta e dois
Falou da destruição.
Fez festa em dia de feira,
Para o povo da ribeira
Pendurado num cordão.

O cordel tem união
Também com o repentista
Um exemplo do que falo
É Lucas Evangelista.
E falando em qualidade,
Eu lembro a capacidade
Da trindade irmãos Batista.

Eu fico muito feliz
Vendo o cordel resgatado,
Sabendo que hoje é feito
Com o papel resgatado.
Eu acho muito importante,
Não deixar o cordel distante
Como um valor do passado.

O cordel noticiou
Para o povo nordestino,
O suicídio de Vargas
E a prisão de Antônio Silvino.
Deu notícia da chacina,
No Largo da Catarina
Quando morreu Virgulino.

Falou daquela promessa
Do carregador da cruz,
Escreveu nas suas páginas
Que logo chegava a luz.
Rimou com muito talento,
A história do jumento
E o menino Jesus.

Se o leitor duvidar
Não acreditando em mim,
Saiba que o cordel já foi
Leitura até de jardim.
No nordeste brasileiro,
O cordel foi o primeiro
A falar do meu Padim.

Hoje em dia essa cultura
Foge um pouco do normal,
Pois os novos cordelistas
Procuram tema atual.
Falam da gíria da rua,
De mulher andando nua
E de briga de casal.

Tem aí a jovem guarda
Que ainda tá resistindo,
Mas de vez em quando eu vejo
Alguns deles desistindo.
Mas como tem resistente,
Como o vate Zé Vicente
O folheto vai fluindo.

A Cícero Modesto Gomes
O cordel me apresentou,
Poeta do Maranhão
Que no Ceará ficou.
Já rimou o Ceará,
De Sobral a Quixadá,
Pacajus e Quixelou.

Numa banca eu conheci
Edson Neto e Elizeu,
J. B. Num terminal
E um cordel ele me deu.
O poeta Zé Maria,
Conheci em cantoria
Divulgando um mote meu.

Outro poeta famoso
Criado aqui no sertão,
É o bom Arievaldo
Que do Klevison é irmão.
Avançou como um corcel,
Quando implantou o cordel
No setor da educação.

O doutor Sávio Pinheiro
Bom poeta e gente fina,
Já rimou o pé da serra
E a bodega da esquina.
Agora com mais virtude,
Botou cordel na saúde
Para o bem da medicina.

No Rio Grande do Norte
Onde a rima é atração,
Tem o local do poeta
Fazer a divulgação.
Já usei aquele espaço,
E daqui mando um abraço
Pra Mairton e Anizão.

Mas foi lá na Paraíba
Que o cordel chegou primeiro,
Era a grande novidade
Chegada do estrangeiro.
Posso dizer sem engano,
No sertão paraibano
O cordel foi pioneiro.

Quem também foi cordelista
Foi o bom Rogaciano
Foi repórter em Fortaleza
Mas era pernambucano.
Fez muita falta a cultura,
Com a morte prematura
Foi rimar no outro plano.

No Ceará o melhor
Com ele tomei café,
Aguarde só um instante
Que digo já já quem é.
Cantou lá e cantou cá
O Pássaro do Ceará
Patativa do Assaré.

Chegando agora ao final
Já faltando inspiração,
Peço desculpa aos colegas
Se houve alguma omissão.
Fiz esse verso bebendo,
Todo tempo defendendo
O cordel como atração.

Mandei mensagem bregeira
Unida com a poesia,
Negando ter intenção
De fazer apologia.
Inseri no Blogspot
Mundo Cordel avalia.