quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Poesia de Dalinha Catunda


A poeta Dalinha Catunda, que está sempre contribuindo para o enriquecimento deste Mundo Cordel, enviou mais uma de suas poesias.

Pelos versos que se vê que não se deve provocar Dalinha, pois ela não hesita em reagir. Seus versos - como diria o compositor cearense Belchior - são navalhas.

Felizmente, como ela mesma avisa, esse seu lado só aparece como reação.

De fato, aqui mesmo ela já demonstrou generosidade, em nos presentear com sua poesia, respeito para com leitores e outros poetas, sensibilidade ao transformar o mundo em versos.


MINHA PESSOA MINHA PEÇONHA
Dalinha Catunda
*
Quem diz que sou jararaca,
Quem diz que sou cascavel
Por certo andou me ofertando
O gosto amargo do fel
Retribuí com ferrão,
Mas minha melhor porção
Eu garanto que é o mel
*
A cobra quando acuada
Se enrola e prepara o bote
Por isso não me apoquente
Acelere logo trote
E saia da minha trilha
Pois eu já virei rodilha
Prontinha para o pinote.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Evento Cultural em Brasília


Casa do Ceará promove o 
1º Encontro de Escritores Cearenses
Camila Maxi
Especial para o Jornal de Brasília

Escritores nordestinos residentes na capital têm noite cultural regada a muita alegria nesse final de semana. A Casa do Ceará promove o 1º Encontro de Escritores Cearenses em Brasília nessa sexta, a partir das 18h, em sua sede (910 Norte). E reúne mais de 25 participantes apresentando suas obras literárias.

Na oportunidade, será homenageado o jornalista e escritor cearense Luciano Barreira, nascido em Quixadá e falecido no ano de 2009. Luciano foi fundador e diretor do Jornal Ceará em Brasília por mais de 20 anos. O evento marca uma série de um ano de comemorações do cinquentenário da Casa, a ser completado em outubro de 2013. A música fica a cargo de Beto Alencar, que toca MPB cearense e forró para animar a noite. Convidados de honra como o médico Josué de Castro e o juiz, poeta, cordelista e cantador Marcos Mairton marcam presença no encontro.

“Foi fácil reunir toda essa gente, bastou apenas tocar a corneta”, brinca JB Serra e Gurgel, jornalista e escritor. Segundo ele, o encontro é inédito. “Temos certeza que será uma oportunidade para marcar esse meio século na capital”, garante JB Serra.

ESCRITORES
Espaços foram reservados para que os autores possam expor e autografar seus livros. Há também quem destine a verba da venda de sua literatura em prol das obras sociais da Casa do Ceará, como os autores Osmar Alves de Melo, que está lançando livro sobre a Corrupção no Brasil – que condensa cerca de 50 casos de escândalos –; e J.B Serra, com seu Dicionário de Gírias, que contém gírias do Brasil, Portugal, Angola e Moçambique. “O evento é rico por conta da nossa diversidade cultural. Serão muitas surpresas, não só por parte da obra literária de cada um, mas também porque procuramos estabelecer um contato entre a cultura popular nordestina e a atual. Além de conceder o encontro entre o público e o autor”, conclui.

Quem também marca presença no evento é o jornalista e escritor Jota Alcides, que lança seu 12° livro, O Último Repórter Esso, em comemoração ao Dia do Rádio, em 25 de setembro. O seu quarto volume dedicado à rádio brasileira celebra os 71 anos do início das transmissões do mais famoso noticiário radiofônico do mundo.

O livro conta a trajetória do jornalista Edson de Almeida relatando fatos engraçados de sua vida como Repórter Esso. Relata sua popularidade em Recife, sua devoção a São Braz – padroeiro dos locutores – e como o repórter reagiu quando o noticiário acabou em 31 de dezembro de 1968.

“Quis contar a história desse grande programa de rádio que fazia o País parar para escutá-lo. Depois do seu término, aliás, não surgiu mais nada igual“, avalia Jota.

Segundo o escritor, o Repórter Esso representa o início do radiojornalismo no Brasil. “Ele tinha produção própria. Antes dele, os programas de rádio reproduziam as notícias de jornais da época”, revela.

Um coquetel com rico cardápio tradicional nordestino será oferecido aos participantes, com bebidas e comidas típicas, como tapioquinha com carne de sol, caldos de jerimum e macaxeira, queijo coalho com rapadura, cajuína, uísque e cachaça do Ceará.


Fonte: clicabrasilia.com.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Cordel de Marcos Mairton



Não é de hoje que sou apaixonado por esportes de lutas, principalmente o boxe.

Assim, sabendo que sábado, 15 de setembro de 2012, acontecerá pela primeira vez em Fortaleza uma disputa de título brasileiro de boxe, não poderia deixar de registrar o fato, usando, para tanto, o talento de cordelista que Deus me deu.

Como nos velhos tempos, quando as notícias chegavam ao sertão pelos versos dos cordelistas, que este Cordel possa viajar pelo sertão da Internet, contando essa história, cujo capítulo final ainda não aconteceu.


HISTÓRIA INCOMPLETA 
DE UM LUTADOR
Marcos Mairton

Era uma vez um menino
que vivia em Salvador,
riqueza ele nunca teve
mas sempre teve valor.
E deu-se que esse menino
escolheu como destino
se tornar um lutador.

Começou a treinar boxe
na pequena academia
que havia em seu bairro
e aos poucos aprenderia,
jabs, diretos, cruzados,
e ganchos bem aplicados,
Era isso o que queria!

Esse menino cresceu
e, de fato, conseguiu
fazer do boxe o caminho
que em sua vida seguiu
para chegar à vitória,
e, assim, a sua história
ele mesmo construiu.

Mas, quando já era adulto,
quis trabalhar registrado,
e foi para Fortaleza,
onde fora contratado.
Trabalhou quase dois anos,
mas, mudaram os seus planos
ao ficar desempregado.

Então, longe da familia,
vivendo em outra cidade,
pensou: “Posso até chegar
a passar necessidade.
Mas, jamais desistirei,
e logo conseguirei
outra oportunidade”.

Procurou um novo emprego,
dia e noite, noite e dia,
mas não encontrava nada
do que ele pretendia.
Se não fosse um rapaz forte
ao enfrentar a má sorte
depressa desistiria.

Foi então que ele lembrou
que o boxe podia ser
o caminho para essa
situação reverter.
E, pensou: “Vou ensinar
a nobre arte de usar
os punhos para vencer!”.

Confiante no projeto,
Foi a uma academia,
e explicou para o dono
o que ele pretendia.
A ideia agradou aos dois
e, ali, dias depois,
a ensinar começaria.

Muitos alunos vieram
para aprender a lutar
com o professor de boxe
que acabara de chegar.
Tornou-se, assim, treinador
e também o professor
mais querido do lugar.

Mas, faltava uma coisa
para que esse guerreiro,
realizasse o seu sonho,
por completo, por inteiro.
E começou a pensar,
em um dia enfrentar
o campeão brasileiro.

Quando ele falou isso,
muita gente duvidou
Mas, assim como outras coisas
que nosso herói já sonhou,
ele seguiu sempre em frente
buscando incansavelmente
aquilo que desejou.

O trabalho rendeu frutos
e hoje a luta está marcada,
Aqui mesmo, em Fortaleza,
para ser realizada.
Ele espera por vocês,
dia quinze deste mês,
para a luta tão sonhada.

O lutador de quem falo
se chama Flávio Leal,
Vive aqui no Ceará,
morando na capital.
Quer o título brasileiro
de meio-médio-ligeiro
do boxe profissional.

Para isso enfrentará
um valoroso oponente,
que é Lázaro Ferreira,
campeão atualmente.
Os dois estão preparados
e logo estarão postados
cara a cara, frente a frente.

Como termina essa história
É uma interrogação.
Mas o leitor, se quiser,
Saber em primeira mão,
vá ao Paulo Sarasate
ver quem apanha e quem bate
e quem será campeão.




domingo, 9 de setembro de 2012

Poesia de Dideus Sales



HOMENAGEM A NELSON RODRIGUES, 
JORGE AMADO E LUIZ GONZAGA
Dideus Sales


Nelson Rodrigues, cronista,
Dramaturgo iluminado;
O genial Jorge Amado,
Fulgurante romancista;
Luiz Gonzaga, um artista
Da sanfona e da canção,
Três notáveis na invenção,
Três gigantes, três arcanos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três símbolos deste país
Deixaram enorme lacuna:
Amado, de Itabuna,
Do Exu, o rei Luiz,
Nelson deixou seu matiz
Na robusta produção.
Os três com certeza não
São sagrados nem profanos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três corcéis soltos sem rédea
Nos campos férteis das artes,
Três cetros, três estandartes
Três estros além da média
Nelson deu alma à comédia,
Luiz criou o baião,
Jorge leu com emoção
Os sentimentos baianos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três bússolas, três timoneiros
Três videntes, três estetas
Três sonhadores poetas
Três autênticos brasileiros
Três mágicos, três feiticeiros
Três luzes na amplidão
Três sementes de emoção
Lançadas em solos planos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três cascatas, três rochedos
Três rapsodos etéreos
Três enigmas, três mistérios
Três boêmios, três aedos
Três decifráveis segredos
Três bombas numa explosão
Três invernos no sertão
Três destinos, três ciganos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três plantadores de sonhos
Três jardineiros, três lagos
Três caminheiros, três magos
Três vencedores medonhos
Três estafetas risonhos
Três aves de arribação
Três faróis na escuridão
Três naus em três oceanos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Três geniais nordestinos
Três astros incandescentes
Três jazidas, três torrentes
Três lentes, três paladinos
Três artistas genuínos
Três monstros da criação
Três mundos de inspiração
Três deuses, três soberanos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

Jorge Amado absoluto
Em seu ideal político;
Nelson Rodrigues um crítico
Controverso e muito astuto;
Luiz Gonzaga um matuto
De apurada aptidão,
Os três legaram à nação
Feitos quase sobre-humanos.
Três gênios fazem cem anos
Nelson, Jorge e Gonzagão.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Marcos Mairton na TV Diário




Neste domingo, 9 de setembro, participarei mais uma vez do programa AO SOM DA VIOLA, na TV Diário, sob o comando do poeta Geraldo Amancio.


Dessa vez, irei apenas para cantar. Claro que não poderá faltar a sempre pedida "Coração de Frango"!




terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cordel de P. S. Assis


Um dos monólitos de Quixadá

DO ALTO DAQUELA PEDRA
P S Assis


Eu subi naquela pedra
Para ver o visual
Fui tomado de uma paz
Quase sobrenatural
Acho que naquele instante
Tinha derrotado o mal

Não lembrava de contendas
Muito menos desaforo
Minha alma estava quieta
Foi se embora o agouro
Eu parecia algum casal
Em inicio de namoro

Nunca na minha vida
Vi um lugar tão bonito
Tendo só a companhia
Do gigante de granito
Pude admirar o céu
E o oceano infinito

A maré estava calma
Parecendo uma piscina
O sol se refletindo
Sob a água cristalina
Parecendo um menino
Abraçado a uma menina

A praia quase virgem
Preservava toda flora
Fez eu esquecer do tempo
Nem sabia qual à hora
Se pudesse ali morar
Juro que não ia embora

Aquela maravilha
Me deixou extasiado
Já passava o meio dia
E eu em pé ali parado
Contemplando a natureza
E seu mar abençoado

Só pensava em coisas boas
Tipo a brisa da manhã
Uma doce melodia
Ou um abraço da irmã
Aquecendo o meu corpo
Feito casaco de lã

Eu pude ver os peixes
Fugindo da traineira
Eram tantos que formava
Uma imensa fileira
Mas do jeito que pulavam
Parecia brincadeira

O vento que soprava
Transmitindo calmaria
Borrifando no meu rosto
O sabor da maresia
Na verdade me contava
Que chegara o fim do dia

Ainda fui presenteado
Por um lindo por do sol
Baixando lentamente
Pelas costas do farol
Tingindo o espelho d’água
De vermelho arrebol

Mar, de tão misterioso
Deixa a mente fascinada
Agora entendo por quê
A sereia apaixonada
E o valente pescador
Fazem dele sua morada