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segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Cordel sobre a Escravidão
Juntar o útil ao agradável é quando faço uma visita à Conhecimento Editora. Além de rever meu amigo Flávio, ele sempre tem alguma novidade literária pra mostrar. Da última vez que lá estive, trouxe na sacola um exemplar novinho de "Zumbi dos Palmares", cordel de Fernando Paixão, ilustrado por Kazane, que conta a história do grande líder negro e de seu quilombo.
A edição é do IMEPH e a capa está aí em cima. Seguem trechos do texto, aliás, de altíssimo nível, como de resto toda a obra em si.
ZUMBI DOS PALMARES
Oh! Musa da poesia
Eu te peço inspiração
Como deste a Castro Alves,
Dá-me a iluminação
Pra escrever neste cordel
Capítulos de escravidão.
A minha intenção primeira
É falar da resistência,
Valor supremo da raça
Que em meio à violência
Defendeu a sua honra
Com bravura e eloquência.
Essa raça que pagou
O preço que não devia,
Foi vítima da crueldade,
Horror e selvageria.
Viu seu povo sucumbir
No laço da fidalguia.
A humanidade jamais
Vai livrar-se dessa mancha;
Na consciência do homem
Esse pecado se arrancha,
São nódoas da nossa história
Que nem o tempo desmancha.
E falarei de Zumbi
Bravo herói da pele escura,
Líder maior do seu povo
Contra a vil escravatura;
Da raça negra é o símbolo
De resistência e bravura.
(...)
Numa região marcada
Por grande concentração
De engenhos de açúcar
Onde toda a produção
Somente se sustentava
Por causa da escravidão.
A região referida
Se chama Zona da Mata;
Os escravos fugitivos
A partir daquela data
Fugiram para Palmares
Numa fuga imediata.
Palmares foi escolhido
Por ter ótimas condições
Pro negro sobreviver
Às custas de plantações,
Lugar de difícil acesso
Pras cruéis expedições.
Esta dita região
Cujas condições são boas,
Que tanto tem defendido
E abrigado as pessoas,
Hoje fica situada
No Estado de Alagoas.
Palmares foi muito além
Daquela fuga comum,
Tinha organização
E resistência incomum
Quilombo igual a Palmares
Não existia nenhum.
(...)
Ganga Zumba dos Palmares
Foi ele o líder primeiro
Dos negros que conseguiram
Escapar do cativeiro.
Era tio de Zumbi
O grande líder guerreiro.
Seu nome significa
Expressão: "Grande Senhor"
Tinha físico avantajado
E força superior
Empenhou-se na batalha
Contra o poder opressor.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Cordel e História
ENSINANDO HISTÓRIA ATRAVÉS DA LITERATURA DE CORDEL
Caros amigos Mundocordelistas!
Ainda nesse mote do crescimento do cordel no campo da educação, que tenho abordado ultimamente, vejam que trabalho interessante encontrei, da professora Maria Ângela de Faria Grill, da UFRPE. Pelo que entendi, o trabalho foi apresentado no VII CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. Vou transcrever só o primeiro parágrafo, mas quem quiser o texto todo (PDF), é só seguir o link:
A LITERATURA DE CORDEL E O ENSINO DA HISTÓRIA
EIXO 2 – Currículo, práticas educativas e quotidiano escolar
O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência desenvolvida no Curso de Especialização de Ensino em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco, através de uma Oficina. A expectativa dos alunos era de como é possível ensinar a História do Nordeste de uma forma crítica e ao mesmo tempo agradável, descolada dos livros didáticos que pouco abordam os problemas enfrentados pelas populações nordestinas, tais como a seca, a pobreza, a questão da terra, as disparidades sociais etc. Tentando preencher esta lacuna introduzi, como recurso didático, a literatura de cordel enquanto registro cultural, que trata dessas questões, já que é preciso se analisar os fatos históricos não somente a partir das versões oficiais, da fala dos políticos e jornais tendenciosos, mas também através das representações dadas pelos poetas de cordel que, através dos folhetos, mostram outras visões de momentos históricos vivenciados e testemunhados por eles. Esse rico material de estudo históricosocial pode ser significativo para se avaliar as versões que circulam em diferentes meios sociais, permitindo que se resgate uma série de atitudes críticas entre os chamados setores populares. Nesse sentido, estudar através da produção da cultura popular é estar aberto a todas as possibilidades, desvencilharse dos conceitos e preconceitos, privilegiando códigos e significados simbólicos partilhados entre sujeitos sociais de um mesmo espaço geográfico e de um mesmo tempo histórico.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Cordel sobre Tiradentes
O MÁRTIR DA INDEPENDÊNCIA
Generoso, o amigo me presenteou com vários de seus cordéis - cada qual o melhor - inclusive um altamente oportuno para esta semana, sobre Tiradentes, o mártir da independência.
O cordel é de autoria do próprio ARIEVALDO VIANA, em parceria com outro grande cordelista, ZÉ MARIA DE FORTALEZA, publicado em folheto de dezesseis páginas pela editora Tupynamquim, com capa de KLÉVISSON VIANA, que, além de também ser um grande cordelista, desenha bem que só ele mesmo.
Bem, não dá pra por o cordel todo aqui, mesmo porque a obra é uma biografia detalhada, que levaria um bocado de tempo de digitação. Então, quem quiser ver o texto completo deve entrar em contato com a editora por um desses caminhos: tupynamquim_editora@ibest.com.br ou http://fotolog.terra.com.br/tupynamquimeditora2071.
Seguem alguns trechos do cordel:
TIRADENTES
Um sonho de liberdade
Zé Maria de Fortaleza e Arievaldo Viana
Num Brasil de tantos Silvas
Quero falar do primeiro
Que embalou nossa pátria
Com um sonho verdadeiro
Foi Joaquim José da Silva
Um grande herói brasileiro.
(...)
Trata-se de um grande herói
Que seus dons proeminentes
Os colocaram no rol
Dos grandes inconfidentes
Foi Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes.
Nasceu no século dezoito
No ano quarenta e seis
No Distrito de Pombal
Que lembra o grande Marquês
De Pombal, que foi ministro
Do reinado português.
(...)
Seu padrinho era dentista
E por razões evidentes
Ele aprendeu logo a arte
E por questões decorrentes
Da profissão, lhe custou
A alcunha de Tiradentes.
Na profissão de dentista
Não quis mais continuar
E resolveu investir
Na carreira militar
Foi comandante das tropas
Sem nada lhe intimidar.
(...)
Tiradentes, um plebeu
De origem muito pobre,
Conviveu por algum tempo
No meio de gente nobre
E ante tanta injustiça
Sua vocação descobre.
Viu que a nação brasileira
Não estava satisfeita
Com as ordens lusitanas
E a cobrança suspeita
Percebeu que tal proposta
Por muitos não era aceita.
(...)
Era um homem inteligente
De ampla e clara visão
Um sonho de liberdade
Movia seu coração
Livrar o Brasil Colônia
Do jugo da opressão.
(...)
Tiradentes e seus pares
A justa revolta urdiram
Porém os planos vazaram
Num precipício caíram
Joaquim Silvério e mais dois
Ouviram tudo e o traíram.
(...)
Antes da revolução
Chegar a hora e a vez
A notícia foi levada
Ao Vice-Rei português
Pelo delator infame
Joaquim Silvério dos Reis.
(...)
Prenderam então Tiradentes
Na Rua dos Latoeiros
Já na prisão recebeu
Notícias dos companheiros
Que também estavam presos
Pra revolta dos mineiros.
(...)
A vinte e um de abril
No ano noventa e dois
Daquele século dezoito
A maldade disse: “Pois
Sendo assim, massacrem o réu
Para enforcá-lo depois.
Foram percorrendo as ruas
Lá do Rio de Janeiro
Desde a cadeia ao patíbulo
Levando o prisioneiro
Que apesar do sofrimento
Tinha um semblante altaneiro.
Ao contrário do que os livros
De história têm mostrado
Ele subiu ao patíbulo
Com o cabelo raspado
Trajando uma longa túnica
Por um carrasco puxado.
(...)
Ele cumpriu sua sina
Bastante resignado,
Sonhando ver seu País
Da opressão libertado,
Depois de morto, o herói
Foi também esquartejado.
(...)
Somente com a República
O nosso herói Tiradentes
Virou personalidade
Histórica entre os combatentes
E foi cognominado
Mártir dos inconfidentes.
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