Um dos personagens mais populares dos cordéis da atualidade é o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte, sempre com suas respostas afiadas para quem lhe faz pergunta besta. Encontrei esse cordel de Ismael Gaião em sua coluna COLCHA DE RETALHOS, do Jornal da Besta Fubana e trouxe para este Mundo Cordel:
Ismael Gaião
Eu vou falar de Seu Lunga
Um cabra muito sincero,
Que não tolera burrice
Nem gosta de lero-lero.
Tem sempre boas maneiras,
Mas se perguntam besteiras,
Sua tolerância é zero!
Ao entrar num restaurante
Logo depois de sentar,
Um garçom lhe perguntou:
O Senhor vai almoçar?
Lunga disse: não Senhor!
Chame o padre, por favor,
Vim aqui me confessar.
Lunga tava na parada
Com Renata perto dele.
Esse ônibus vai pra praia?
Ela perguntou a ele.
Ele, então, disse à mulher:
- Só se a Senhora tiver
Um biquini que dê nele!
Seu Lunga tava pescando
E alguém lhe perguntou:
- Você gosta de pescar?
Ele logo retrucou:
- Como você pode ver,
Eu vim pescar sem querer,
A polícia me obrigou.
Pagando contas no Banco
Lunga viveu um dilema
Pois com um talão nas mãos,
Ouviu de Pedro Jurema:
O Senhor vai usar cheque?
- Ele disse: não, moleque,
Vou escrever um poema.
Em sua sucataria
Alguém tava escolhendo,
- Por quanto o Senhor me dá,
Essa lata com remendo?
Lunga, sem pestanejar,
Disse: não posso lhe dar,
Porque eu estou vendendo.
E ainda muito irritado
A seu freguês respondeu:
Tudo que eu tenho aqui,
Eu vendo porque é meu.
Pois se o Senhor quiser ver,
Coisas sem ser pra vender,
Vá visitar um museu.
Lunga foi comprar sapato
Na loja de Barnabé
E um rapaz bem gentil
Perguntou: é pra seu pé?
Ele disse: não esqueça,
Bote na minha cabeça,
Vou usar como boné.
Lunga carregava leite
Numa garrafa tampada
E um velho lhe perguntou:
Bebe leite, camarada?
Ele disse: bebo não!
Depois derramou no chão.
- Eu vou lavar a calçada.
Seu Lunga tava deitado
Na cama, sem se mexer.
E um amigo idiota
Perguntou, a lhe bater:
- O senhor está dormindo?
Lunga disse: tô fingindo
E treinando pra morrer!
Seu Lunga foi a um banco
Com um cheque pra trocar
Um caixa muito imbecil
Achou de lhe perguntar:
O Senhor quer em dinheiro?
- Não quero não, companheiro,
Quero em bolas de bilhar.
Lunga olhou pro relógio
Na frente de Gabriela,
Quando menos esperava,
Ouviu a pergunta dela:
- Lunga viu que horas são?
Ele disse: não, vi não,
Olhei pra ver a novela!
Seu Lunga comprava esporas
Para correr argolinha
E o vendedor idiota
Fez essa perguntazinha:
- É pra usar no cavalo?
- É não, eu uso no galo,
Monto e dou uma voltinha.
Seu Lunga tava pescando
Quando chegou Viriato
- Perguntando: aqui dá peixe?
Lunga disse: isso é boato!
No rio só dá tatu,
Paca, cutia e teju,
Peixe dá dentro do mato.
Lunga foi se consultar
Com um Doutor que era Crente
Esse logo perguntou:
- O Senhor está doente?
- Lunga disse: não Senhor,
Vim convidar o Doutor,
Para tomar aguardente.
Seu Lunga, com seu cachorro,
Saiu para caminhar
E um besta lhe perguntou:
É seu cão, vai passear?
Lunga sofreu um abalo,
Disse: não, é um cavalo,
Vou levá-lo pra montar.
Lunga trazia da feira,
Já em ponto de tratar,
Uma cabeça de porco,
Quando ouviu alguém falar:
- Vai levando pra comer?
Ele só fez responder:
- Vou levando pra criar!
Lunga foi à eletrônica
Com um som pra consertar
Lá ouviu um idiota
Sem demora, perguntar:
- O seu som está quebrado?
- Tá não, está estressado.
Eu trouxe pra passear.
Seu Lunga foi numa loja
Lá perto de Itaqui
- Tem veneno pra rato?
- Temos o melhor daqui.
Vai levá-lo? Está barato.
- Vou não, vou buscar o rato
Para vim comer aqui!
Seu Lunga tava bebendo,
Quando escutou de Tião:
- Já que faltou energia,
Nós vamos fechar irmão!
Lunga falou: que desgraça!
Eu vim pra tomar cachaça,
Não foi tomar choque não!
Lunga tava em sua loja
Numa preguiça profunda
Quando escutou a pergunta
Vindo de Dona Raimunda:
- O Senhor tem meia-calça?
- Isso em você não realça,
Ou você, tem meia bunda?
Lunga saiu pra pescar,
Quando um amigo encontrou.
Depois de cumprimentá-lo
Seu amigo perguntou:
Lunga vai à pescaria?
Seu Lunga só disse: ia.
Pegou a vara e quebrou.
Jacó estava querendo
Apostar numa milhar
Vendo Lunga numa banca
Disse: agora vou jogar!
E foi gritando dali:
- Lunga, passa bicho aqui?
- Passa sim! Pode passar.
Seu Lunga sentia dor
Procurou Doutor Ramon
Que começou a consulta
Já perguntando em bom tom:
Seu Lunga, qual o seu plano?
Lunga disse: sem engano,
O meu plano é ficar bom!
Lunga tava em seu comércio
Despachando a Zé Lulu
Que depois de escolher
A fava e o feijão guandu.
- Disse: vou levar fubá.
E o arroz como está?
Seu Lunga disse: Tá cru!
Lunga com uma galinha
E a faca pra cortar,
Seu vizinho perguntou:
Oh! Seu Lunga, vai matar?
Com essa pergunta burra,
Disse: não, vou dar uma surra,
Logo depois vou soltar.
Lunga indo a um enterro
Encontrou Zeca Passivo
- Seu Lunga pra onde vai?
Ao enterro de Biu Ivo.
- E Seu Biu Ivo morreu?
- Não, isso é engano seu,
Vão enterrar ele vivo!
Lunga mostrou um relógio
Ao filho de Biu Romão
- Posso botar dentro d’água?
Perguntou o garotão.
Lunga disse sem demora:
- Relógio é pra ver a hora,
Não é sabonete, não!
Lunga fez uma viagem
Pra cidade de Belém
E quando voltou pra casa
Escutou essa de alguém:
- Oh! Seu Lunga, já chegou?
- Eu não, você se enganou,
Chego semana que vem!
Lunga levou uma queda
De cima de seu balcão
- Quer tomar um pouco d’água?
Perguntou o seu irmão.
Lunga logo, respondeu:
Foi só uma queda, meu!
Eu não comi doce não!
Na porta do elevador
Esperando ele chegar
Seu Lunga escutou um besta
Pro seu lado perguntar:
- Vai subir nesse momento?
- Não, que meu apartamento,
Vai descer pra me pegar.
Se encontrar com Seu Lunga
Converse, mas com cuidado,
Pois ele pode ser grosso,
Mesmo sendo educado.
Eu já fiz o meu papel,
Escrevendo este cordel
Pra você ficar ligado!
sou cordelista e todo poema me encanta. Um de natal para adultos e crianças.
ResponderExcluirO Natal de Neli
Amigo, caro amiguinho
Uma história eu vou contar
O natal de uma menina
Que pra vocês vou mostrar
Era uma criança humilde
Mas deu muito o que falar.
De família muito pobre
Uma boa infância viveu
Valorizando os momentos
Felizes que Deus lhe deu
No tempo da inocência
Com sua família cresceu.
Entre painho e mainha
Assim a menina os chamava
Foi uma vida difícil
Mas essa menina não olhava
Só percebia a bondade
Naqueles que a rodeava.
No tempo da sua infância
Televisão não existia
Computador muito menos
Mas sabe o que acontecia?
Brincava com a natureza
Com coisas que ela fazia.
Brincadeira desse tempo
Todo mundo ia querer
Melhor que o vídeo game
Que faz criança esquecer
Do ar e da liberdade
Que lá fora pode ter.
Esse lá fora que falo
Não é meio da rua não
Pode ser o seu quintal
Ou brincar com seu irmão
Tirar os olhos da tela
Pra ver o nosso mundão.
Observar nosso céu
O fruto que Deus nos dá
Também pode com as estrelas
Junto aos amigos contar
Contar bastante estrelinha
E brincar até cansar.
De barra-bandeira e boi passa
De roda, anel e melancia
De se esconder, minha gente
Assim a menina vivia
Mas do Papai Noel eu lhe digo
Crer nele não impedia.
Continuando a história
Uma coisa eu vou contar
O nome dessa menina
Que agora eu vou lhe dar
É um nome que eu dei
Neli nós vamos chamar.
Ela teve nove irmãos
E com todos conviveu
O seu pai era pedreiro
E a mãe que Deus lhe deu
Amiguinhos, vou dizer:
Eu sei que ela sofreu.
Todo ano no Natal
A criançada esperava
Um presente do papai
Papai Noel aguardava
Ele só trazia bombons
E ali perto deixava.
Só podiam ser bombons
Os presentes que trazia
Papai Noel era pobre
Mas muita questão fazia
Agradar a todos nove
Isso ele sempre queria.
Na casa da tal Neli
Cama não se encontrava
Só do painho e mainha
Era que ali se achava
Dormiam todos de rede
Mas nunca se reclamava.
Neli contava aos amigos
As coisas que acontecia
Quando chegava o Natal
O que a criança queria?
Esperar papai Noel
Mas mesmo assim adormecia.
Papai Noel de mansinho
Com o seu presente chegava
E embaixo de cada rede
O presentinho deixava
Aquele, o mais sabido
Seu presentinho roubava.
Papai Noel não é tolo
E logo a história mudou
Deixar presente embaixo
Da rede não mais deixou
Colocar dentro da rede
A inteligência ele usou.
Mas o melhor da história
Agora já vai saber
Sabem o que acontecia?
Grande salada ia ter
Mijo e bombons com força
No outro dia ia se ver.
Não estranhe amiguinhos
Esta história de Neli
Por que qual foi a criança
Que não tenha feito chichi?
Se isso não acontecia
Venha me dizer aqui.
Amigo, caro amiguinho
Um recado eu vou deixar
Seja rico, ou seja pobre,
Faça o seu natal chegar
Não importa o seu presente
O que você vai ganhar.
Seja beijo, ou seja abraço,
O importante é guardar
Guarde bem no coração
E saiba aproveitar
Porque o maior presente
Mais tarde Deus vai lhe dar.
Neli a dona da história
Muitos presentes ganhou
Com a força de vontade
Por muito tempo estudou
Juntou trabalho e estudo
Até que um dia se formou.
Digo o grande presente
É encontrar felicidade
Na pobreza ou na riqueza
Com o coração sem maldade
Seja sempre amiguinho
Mande embora a falsidade.
Feliz Natal!
seu lunga é demais! eu morava na rua dele =P
ResponderExcluirGustavo, meu conterrâneo
ExcluirSou do Ceara também Vou lhe fazer uma pergunta
me responda neste instante
O seu Lunga é Prefeito
Ou é um comerciante?
Pois eu sei que em um comércio
Ele leva uma vida dura
Pois quem é o dono das ruas
É a própria Prefeitura...
Vixe, aqui comentarista
ResponderExcluirdeixa contribuição
mostrando que é cordelista
também, mas eu não sou não
asim, meio aperreado
registro desajeitado
a minha apreciação
gosteii muito do cordel,vocês poderiam colocar mais cordeis nesse site sobre eu Lunga !
ResponderExcluirSeu lunga está presente
ResponderExcluirUm pouquinho em cada um
Só não podemos fazer
Malquerer a ser nenhum,
Por isso vamos ter calma
Aprender a bater uma palma
Respeitando até Mussum.
Vou parabenizar pelo cordel
ResponderExcluirIsmael gaião
Caboclo bastante inteligente
E de bom coração
Se estivesse ao seu lado
Lhe dava um abraço
É um aperto de mão!