terça-feira, 15 de abril de 2008

Cordel e Xilogravura


XILOGRAVURA E COMUNICAÇÃO POPULAR
Trecho do livro XILOGRAVURA POPULAR NA LITERATURA DE CORDEL, de Jeová Franklin
A imagem acima foi obtida em http://blog.teatrodope.com.br/2007/05/09/literatura-de-cordel-xilogravura-temas-e-ensino/

A Literatura de Cordel constitui-se no mais extraordinário meio impresso de comunicação popular no Brasil e, talvez, no mundo. Ela atingiu, entre as décadas de 1940 e 1950, audiência calculada em 30 milhões de pessoas, quase um terço da população brasileira. Os próprios poetas, semi-analfabetos, escreviam ou pediam para escreverem sua produção, parte dela ilustrada com xilogravura.

Os primeiros folhetos de cordel eram publicados em tipografia e se espalharam na região nordestina, pelas praças e feiras. Era um sistema de jornalismo matuto que funcionava, com notícias e anúncios de morte de personagens históricos, como Antonio Silvino e Lampião.

No princípio, os livretos eram encontrados em estações de trens, feiras e mercados públicos da Amazônia à Bahia. Leandro Gomes de Barros e Chagas Batista, no início do século XX, se valiam de tipografias de terceiros em Pernambuco e na Paraíba. Depois, passou Leandro a ter gráfica própria e os parentes de Chagas Batista utilizaram as gráficas instaladas em Guarabira e João Pessoa.

Leandro tinha falecido em 1918 e João Martins de Athayde comprou dos herdeiros todo o acervo de títulos deixado pelo poeta. Athayde transformou a rústica produção artesanal em atividade de considerável porte no Recife. Montou a maior folhetaria do Nordeste e foi o introdutor dos atuais modelos do cordel.

Athayde fez a empresa crescer, mas ignorou a produção da xilogravura na literatura popular em versos. Preferia as figuras de artistas de cinema norte-americano publicadas pela imprensa do Recife ou figuras de cartões românticos importados. No primeiro caso eram estampas em zincografia dos anúncios de artistas da moda atiradas no lixo, depois de o filme sair de cartaz.

Endividado e por sofrer infarto, Athayde vendeu a tipografia em 1949. O comprador foi o poeta alagoano José Bernardo da Silva que já tinha gráfica própria. Ele levou para Juazeiro do Norte todo o acervo de títulos, inclusive o de Lenadro para editá-los na Tipografia São Francisco, montada em 1926, no Juazeiro do Norte. Tinha permissão e benção do Padre Cícero Romão Batista. Ele já se impunha como maior distribuidor de folhetos do Nordeste.

Incorporando a sua gráfica antiga, à Tipografia São Francisco, esta assumiu a posição de maior folhetaria do país. Então a xilogravura, a mais importante expressão pictórica da fantasia nordestina, ganhou prestígio na gráfica dirigida por José Bernardo. A aplicação da gravura popular se difundiu pelo Nordeste depois das primeiras e inseguras experiências com a impressão das capas em xilogravura. Juazeiro do Norte, antes da aquisição da tipografia de Athayde, já tinha uma longa experiência na feitura de gravuras encomendadas pela gráfica de José Bernardo da Silva e Manoel Caboclo.

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