Semana passada, dentre os comentários que chegaram a este Mundo Cordel, veio este.
Não sei se o poeta já conseguiu alguém para o cargo, mas repasso pela qualidade dos versos.
OFERTA DE EMPREGO
Poeta José Joel
Pra trabalhar lá em casa
A carteira é assinada
E o salário não atrasa
Tem direito a feriado
Sábado e domingo é folgado
Tem férias, décimo terceiro
O trabalho é muito pouco
E em caso de sufoco
A gente empresta dinheiro
Basta chegar oito hora
Dorme depois que almoçar
As quatro pode ir embora
Não precisa pernoitar
Em relação a patroa?
A mulher é muito boa!
Só precisa a candidata
Passar na sua entrevista
Que no meu ponto de vista
É objetiva e exata.
Tem que ser uma donzela
Para não levar menino
Não pode assistir novela
Nem um filme pequenino
Nem beber e nem fumar
Não ir festa, não dançar
Não falar de vida alheia
Ter responsabilidade
E ter muita honestidade!
Se roubar, vai pra cadeia.
Não possuir celular
Pra não ser atrapalhada
Se inventar de namorar
É bem longe da calçada
Não falar com a vizinhança
Também não dá confiança
A quem pede uma esmola
Nunca andar seminua
E se for sair pra rua
Vai corrigida a sacola.
Ser limpa e andar na linha
Para não fazer besteira
Saber toda ladainha
E ser muito rezadeira
Não chegar lá de carona
Não cochilar na poltrona
Não ter um dente furado
Não ter cabelo comprido
E ter o sétimo sentido
Pra dar conta do recado.
Andar longe de fofoca
Tomar conta da cozinha
Saber fazer tapioca
Matar e tratar galinha
As roupas saber lavar
Depois de lavar passar
Do paletó as cueca
E se for com desatino
E beliscar um menino
Leva um corte na munheca.
Lavar casa, passar pano,
E deixar bem limpo o chão
Soprar fogo com abano
Porque lá queima é carvão
Por não ter água encanada
Tem que ser bem preparada
Pra pegar água num poço
Num balde desse tamanho
Que é pra gente tomar banho
E lavar a louça do almoço.
Não andar achando graça
E não ser séria demais.
Não dar bola pra quem passa
Que seja moça ou rapaz.
Trabalhar assoviando
Nem ligar som uma vez
Se ligar o gás do fogão
E deixar queimar o feijão
Desconta no fim do mês.
Não dever nada a ninguém
Para não chegar cobrança
Ser econômica também
Pra não ter extravagância.
Engomar com ferro a brasa
Tirar poeira da casa
Espanar do móvel ao forro
Jamais derrubar um prato
Nunca maltratar o gato
E sair com o cachorro.
Demonstrar que não tem vício
Provar que é competente
Fazendo esse sacrifício
E se dando com a gente
É tudo mil maravilha!
É mesmo que ser da família
Pois agradando a mulher
Lá em casa é um sossego
É garantido o emprego
Enquanto vida tiver.
Muito bom!! Ótimo retrato do cotidiano, muito bem colocado....Boa divulgação, Marcão!
ResponderExcluir[]s
Muito bom Mairton,
ResponderExcluirDeu até vontade de responder no mesmo tom e em versos.
Parabéns ao autor José Joel,
Um abraço,
Dalinha
Gostaria muito de saber como o Sr. Mairtom encontrou esta poesia do autor José Joel, sou sobrinha dele e se houver interesse em suas obras, fique a vontade, ele é autor de 02 livros e possui um acervo chamado Cabana do Cordeu...
ResponderExcluirUm abraço!
Joseane
Soumangaka.
ResponderExcluira poesia chegou a este Mundo Cordel em forma de comentário à postagem "Depois do Carnaval", de 25.02.2012 (http://mundocordel.blogspot.com.br/2012/02/depois-do-carnaval.html#comment-form).
O autor do comentário foi o leitor Panticola, do blog Balaio Cultural, no qual também está postada a poesia (http://balaioculturalpanticola.blogspot.com.br/2012/02/oferta-de-emprego.html).
Uma bela poesia
ResponderExcluirmuito bem elaborada
procurar uma empregada
no ritmo de cantoria
mas quanta sabedoria
do poeta popular
quando aparecer alguma
por favor peça mais uma
que eu também vou contratar.
Guibson Medeiros