VIOLA E AMIGOS
Meu interesse pela poesia popular tem me trazido muitas coisas boas. Dentre elas, muito me emociona quando alguém me presenteia com um folheto de cordel ou um CD de violeiros, encontrado em uma feira ou um recital. Menos que o valor econômico do presente, anima mais ouvir a frase “Vi esse folheto e lembrei de você...”.
Semana passada uma tia mandou deixar em minha casa O CD “Viola e Amigos” de Zé Vicente da Paraíba. Tenho me deleitado com cada faixa, as quais trazem poesias em vários estilos, além de depoimentos do autor que traduzem bem a realidade e a cultura do poeta popular.
Em um desses depoimentos, emociona a forma como o poeta fala da sua emoção ao ganhar a primeira viola. É por isso que trago o depoimento para Mundo Cordel. Basta clicar na imagem da capa do CD, acima, para ouvir.
Mas saibamos um pouco mais sobre o poeta, lendo o que escreveu o jornalista José Teles no encarte:
Zé Vicente da Paraíba (nascido em Pocinhos, agosto de 1922) é uma daquelas figuras lendárias da cultura popular brasileira. Cantador de viola desde os anos 30, contemporâneo de outras lendas como os irmãos Batista (Lourival, Dimas e Otacílio, e Zé Limeira, para citar uns poucos nomes). Com 83 anos, morando em Altinho, longe das pelejas, muita gente imaginava que houvesse morrido. Pois não só não morreu, como continua com a memória mais afiada do que muitos cantadores jovens.
Nos anos 70, Zé Vicente da Paraíba alcançou notoriedade por ter versos seus cantados por Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Marília Pêra. O seu Quanto é Grande o Autor da Natureza passou pela música de um bando de figurões da MPB, mas direitos autorais que é bom, cala-te boca! Zé Vicente da Paraíba ganhou muito pouco. Também pouca foi badalação entre essas estrelas. Em pouco tempo ele voltava à rotina, e ao desafio de viola.
Assim como vários outros grandes artistas da cultura popular, Zé Vicente estava fadado a viver o resto da vida no ostracismo, já que não sai mais mundo afora com viola pronta para embalar seus versos afiados. Foi aí que Herbert Lucena encarou este desafio de registrar em disco, a poesia e as histórias do veterano cantador. Aliás, é bom ressaltar, foi Zé Vicente o primeiro violeiro a gravar um álbum de cantoria, isto há 50 anos, na extinta gravadora pernambucana Rozenblit.
Zé Vicente da Paraíba, Viola e Amigos faz justiça ao cantador paraibano, em particular, e à cantoria de viola em geral. Lucena não se limitou a simplesmente registrar a voz e viola do repentista (como a grande maioria dos discos do gênero, inclusive do próprio Zé Vicente). Ele enriqueceu a música (música, sim, por que não?), do cantador com outros instrumentos, músicos, colegas de viola. Tornando este projeto pioneiro em disco-tributo a um cantador (eu, pelo menos, não conheço outro igual).
Estão aqui reverenciando este gênio da poesia nordestina, repentistas como Raulino Silva, Rogério Meneses, Hipólito Moura, Antonio Lisboa, Edmilson Ferreira, Raimundo Caetano, Severino Feitosa e Daudete Bandeira, Oliveira de Panelas, bandas de pífanos, o forrozeiro Valdir Santos, o grande João do Pife, Tavares da Gaita, enfim, muita gente boa. Herbert Lucena divide com Zé Vicente da Paraíba a honra de cantar a antológica Quanto é Grande o Autor da Natureza, um improviso que virou referência perene da cantoria de viola. E prova do prestígio do velho cantador entre as novas gerações da viola é a homenagem que lhe presta a dupla de repentistas Raimundo Nonato e Nonato Costa, considerada a maior revelação da cantoria nos últimos vinte anos.
Zé Vicente da Paraíba, Viola e Amigos, é um trabalho que aponta um novo caminho para popularizar os versos de repentistas em disco. Um achado de Herbert Lucena a redescoberta de Zé Vicente, e excelente o formato que encontrou para perpetuar o talento deste mestre de uma arte que é a cara do Nordeste.
Para encerrar, a Rádio Mundo Cordel traz a obra Quanto é Grande o Autor da Natureza:
Meu interesse pela poesia popular tem me trazido muitas coisas boas. Dentre elas, muito me emociona quando alguém me presenteia com um folheto de cordel ou um CD de violeiros, encontrado em uma feira ou um recital. Menos que o valor econômico do presente, anima mais ouvir a frase “Vi esse folheto e lembrei de você...”.
Semana passada uma tia mandou deixar em minha casa O CD “Viola e Amigos” de Zé Vicente da Paraíba. Tenho me deleitado com cada faixa, as quais trazem poesias em vários estilos, além de depoimentos do autor que traduzem bem a realidade e a cultura do poeta popular.
Em um desses depoimentos, emociona a forma como o poeta fala da sua emoção ao ganhar a primeira viola. É por isso que trago o depoimento para Mundo Cordel. Basta clicar na imagem da capa do CD, acima, para ouvir.
Mas saibamos um pouco mais sobre o poeta, lendo o que escreveu o jornalista José Teles no encarte:
Zé Vicente da Paraíba (nascido em Pocinhos, agosto de 1922) é uma daquelas figuras lendárias da cultura popular brasileira. Cantador de viola desde os anos 30, contemporâneo de outras lendas como os irmãos Batista (Lourival, Dimas e Otacílio, e Zé Limeira, para citar uns poucos nomes). Com 83 anos, morando em Altinho, longe das pelejas, muita gente imaginava que houvesse morrido. Pois não só não morreu, como continua com a memória mais afiada do que muitos cantadores jovens.
Nos anos 70, Zé Vicente da Paraíba alcançou notoriedade por ter versos seus cantados por Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Marília Pêra. O seu Quanto é Grande o Autor da Natureza passou pela música de um bando de figurões da MPB, mas direitos autorais que é bom, cala-te boca! Zé Vicente da Paraíba ganhou muito pouco. Também pouca foi badalação entre essas estrelas. Em pouco tempo ele voltava à rotina, e ao desafio de viola.
Assim como vários outros grandes artistas da cultura popular, Zé Vicente estava fadado a viver o resto da vida no ostracismo, já que não sai mais mundo afora com viola pronta para embalar seus versos afiados. Foi aí que Herbert Lucena encarou este desafio de registrar em disco, a poesia e as histórias do veterano cantador. Aliás, é bom ressaltar, foi Zé Vicente o primeiro violeiro a gravar um álbum de cantoria, isto há 50 anos, na extinta gravadora pernambucana Rozenblit.
Zé Vicente da Paraíba, Viola e Amigos faz justiça ao cantador paraibano, em particular, e à cantoria de viola em geral. Lucena não se limitou a simplesmente registrar a voz e viola do repentista (como a grande maioria dos discos do gênero, inclusive do próprio Zé Vicente). Ele enriqueceu a música (música, sim, por que não?), do cantador com outros instrumentos, músicos, colegas de viola. Tornando este projeto pioneiro em disco-tributo a um cantador (eu, pelo menos, não conheço outro igual).
Estão aqui reverenciando este gênio da poesia nordestina, repentistas como Raulino Silva, Rogério Meneses, Hipólito Moura, Antonio Lisboa, Edmilson Ferreira, Raimundo Caetano, Severino Feitosa e Daudete Bandeira, Oliveira de Panelas, bandas de pífanos, o forrozeiro Valdir Santos, o grande João do Pife, Tavares da Gaita, enfim, muita gente boa. Herbert Lucena divide com Zé Vicente da Paraíba a honra de cantar a antológica Quanto é Grande o Autor da Natureza, um improviso que virou referência perene da cantoria de viola. E prova do prestígio do velho cantador entre as novas gerações da viola é a homenagem que lhe presta a dupla de repentistas Raimundo Nonato e Nonato Costa, considerada a maior revelação da cantoria nos últimos vinte anos.
Zé Vicente da Paraíba, Viola e Amigos, é um trabalho que aponta um novo caminho para popularizar os versos de repentistas em disco. Um achado de Herbert Lucena a redescoberta de Zé Vicente, e excelente o formato que encontrou para perpetuar o talento deste mestre de uma arte que é a cara do Nordeste.
Para encerrar, a Rádio Mundo Cordel traz a obra Quanto é Grande o Autor da Natureza:
Não precisa duvidar/
ResponderExcluirPorque tudo que acontece/
O homem bem não conhece/
Mas não sabe respeitar/
A força que faz brotar/
Uma flor quanta beleza/
E desconhece a grandeza/
Do maior dos arquitetos/
Desconhece seus projetos/
É burro por natureza./
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//Anizio, 29/05/2009.
PAROARA! eu ñ tenho nem palavras para fala alguma coisa de ZÉ VICENTE! MESTRE MESTRE!!!!!
ResponderExcluirREI VIOLEIRO
ResponderExcluirNão existi baião sem ter viola
Nem viola sem ter um desafio
Nem peleja que deixe por um fio
O Violeiro-Mestre na sacola
Ele tira os versos da cachola
Com um belo galope improvisado
Para quem ta ouvindo ali do lado
Aprender como faz melhor repente
Só quem sabe essa arte é que sente
O deleite em um verso bem bolado
Com rima, verso e poesia
Construiu o seu legado
Foi cantador afamado
De prosa em demasia
Fez a sua travessia
Lá pras bandas do sertão
Com viola sempre a mão
Decantou a Natureza
Com toda a arte e destreza
Fez escola no repente
Nordestino de Nobreza
Violeiro Zé Vicente
Nasceu lá na Paraíba
Em Pernambuco viveu
Todo nordeste cresceu
E banhou com sua liba
Não há vate que exiba
Dom Maior na poesia
Como ele bem sabia
Declamar a Natureza
Sutilmente, com leveza
Educado e prudente
Nordestino de Grandeza
Violeiro Zé Vicente
Peleja em pé de parede
Foi a profissão mais nobre
Onde defendia o cobre
Para se deitar na rede
Comprar pão, matar a sede
Era pouco o que sobrava
Mesmo assim não recuava
Seguiu sempre com firmeza
Jogou verso em correnteza
Colheu e plantou semente
Nordestina Realeza
Do poeta Zé Vicente
Letra: Herbert Lucena
Uma homenagem ao poeta meu amigo Zé Vicente da Paraíba por ocasião de sua morte em maio de 2008
ResponderExcluirCarlos Aires
ZÉ VICENTE DA PARAÍBA, UM MESTRE DA POESIA!!!
Ontem à noite a poesia nordestina ficou mais pobre, é que se mudou para o plano superior o poeta Zé Vicente da Paraíba! De quem tive a honra de ser amigo e em quem me inspirei para trilhar pelas vias poéticas e me aventurar pelas estradas das rimas e métricas descrevendo as belezas desses sertões.
Zé Vicente, poeta lendário, marcava pela sua criatividade poética e rapidez de raciocínio e segurança na dissertação de cada estrofe que fazia.
Viajou por quase todo Brasil levando a beleza e grandiosidade do seu dom para alegrar os amantes da cantoria nordestina, conheceu dezessete capitais e cantou até para o presidente da republica e demais autoridades que o acompanhavam.
Como poeta sem duvidas, foi um dos maiores entre os seus contemporâneos, cantou com os mais renomados poetas nordestinos e teve vários trabalhos de sua autoria gravados por grandes astros da nossa musica popular brasileira.
Como ser humano era inconfundível extrovertido brincalhão atencioso humilde todas as melhores qualidades que um ser humano pode ter de melhor reuniam-se na pessoa de Zé Vicente.
No momento em que ele se encanta e passa para o outro lado presto-lhe um tributo nas singelas estrofes que seguem abaixo.
UM TRIBUTO AO SAUDOSO ZÉ VICENTE DA PARAÍBA!!!
As violas silenciam
O Nordeste está de luto
Porque Deus colheu um fruto
Da árvore da poesia
Nove de maio foi o dia
Que se deu o incidente
Deixou tristeza pra gente
Porém cumpriu sua meta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Nessa tua trajetória
Levasse alegria a tantos
Que hoje vertem seus prantos
Relembrando tua história
Tão coroada de glória
Hoje é saudade somente
O céu ganhou um presente
E a terra está incompleta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Por tantos palcos da vida
Ganhou taças e troféus
E agora ganhou os céus
Mas a tua despedida
Deixou a alma sofrida
A lamentar tristemente
Transformando o ambiente
Numa saudade completa
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Mesmo a santa natureza
Que ele cantou tão forte
Na hora da sua morte
Jorrou lágrimas de tristeza
Agradecendo a grandeza
Do teu canto veemente
Que era tão atraente
E de beleza repleta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Se a beleza do teu canto
De repente ficou muda
A Deus pedimos ajuda
Para não sofrermos tanto
Que não haja desencanto
Nem se esqueça facilmente
Desse que foi certamente
Da poesia um atleta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Vai José, pra eternidade
Com a tua alma tão pura
Baixa o corpo à sepultura
Fica conosco a saudade
Daquela velha amizade
Que nos deixava contente
Mesmo não estando presente
Jamais ninguém te deleta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Zé Vicente”
Essa é uma singela homenagem ao grande poeta
e meu amigo falecido ontem 09/05/2008.
José Vicente do Nascimento
“ZÉ VICENTE DA PARAIBA”
Carlos Aires
10/05/2008