segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cordel na Feira Literária Internacional do Tocantins


CORDEL NA FLIT

O Governo do Estado do Tocantins, por meio da Secretaria de Educação realizará, no período de 25 de julho a 03 de agosto de 2011, em Palmas, a Feira Literária Internacional do Tocantins – FLIT.

O cordel que vem tendo um ano promissor terá um espaço especial na FLIT. Além de cordelistas, repentistas e declamadores de vários Estados a ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel, convidada, terá boa parte de seu colegiado participando deste evento.

O Presidente Gonçalo Ferreira da Silva, Mestre Azulão, Chico Salles Moreira de Acopiara, Manoel Monteira e nossa amiga Dalinha Catunda, que foi quem me deu essa notícia que agora repasso.

Dalinha fará o recital: “Sertaneja, Sim Senhor!”, em duas apresentações, nos dias 30 e 31. Haverá também o espaço Estação Cordel na Praça dos Girassóis onde serão expostos e vendidos seus cordéis.

Mais informações serão divulgadas no blog "Cordel de Saia" no decorrer da semana.

Abaixo um poema que Dalinha fez para Palmas:
*
BELA DAMA DO CERRADO

Palmas, linda capital
No centro desta nação
Totalmente programada
Assim foi tua construção
Muito bem arborizada
E vendo-a fico encantada
E até faço louvação.
*
És maior em Tocantins
Mimosa flor do cerrado,
Tão jovem e tão bonita
Bem segura em teu traçado
Olhando tuas palmeiras
Relembro minha Ipueiras
Que até hoje é meu condado.
*
A Palma do buriti
Que é farta no Jalapão
E também é encontrada
Pras bandas do meu sertão.
Bela dama do cerrado,
Neste encontro bem marcado
Roubaste meu coração



--

Dalinha Catunda
www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ao som da viola


Atenção, Mundocordelistas,

Próximo domingo, 10 de julho de 2011, estarei participando do programa "Ao Som da Viola", comandado pelo Poeta Geraldo Amâncio, na TV Diário. Serei o entrevistado do dia e encerrarei o programa cantando alguns versos de minha autoria.

Geraldo Amâncio

Agradeço desde já os que nos prestigiarem com sua audiência.

E não esqueçam: será domingo, 10 de julho, às sete e meia da manhã.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cordel de Amazan




Considero este um dos cordéis mais divertidos que já li e ouvi. 
Essa interpretação está muito boa:

O TRANCA RUA
Amazan



Eu ainda era menino
A premera vez que vi
O cabocão lazarino
E nunca mais esqueci
Seu nome era tranca rua
Pois quando a vontade sua
Era fechar a cidade
Dava ordem pra trancar
Mercado, bodega, bar
E até a casa do padre


Quatro, cinco, seis soldado
Para ele era perdido
Uns ficava istrupiado
Outros ficava estendido
De modos que a cidade
Não tinha tranqüilidade
No dia que ele bebia
Pois quando se embriagava
Dava a gota bagunçava
E prendê-lo ninguém podia


Tranca rua era um caboco
De dois metros de artura
Os braço era aqueles tôco
As pernas dessa grossura
Não tinha medo de nada
Pois até onça pintada
Ele sozinho caçava
Pegava a bicha com a mão
Depois com um cinturão
Dava-lhe uma pisa e matava


E eu cresci-me escutando
Falar do cabra voraz
O tempo foi se passando
E eu tormei-me rapaz
Mole que só a mulesta
Pois até pra ir uma festa
Eu era discunfiado
Se acaso visse uma briga
Me dava uma fadiga
Eu ficava todo mijado


Quem hoje olha pra mim
Pensa até que eu tô inchado
Mais eu nunca fui assim
Naquele tempo passado
Eu era um cabra mufino
Desses do pescoço fino
Da cabeça chata e feia
No lugar onde eu morava
O povo só me chamava
De caboré de urêia


Por artes do mangangá
Um dia eu me alistei
Num concurso militar
E apois num é que eu passei?
E me tornei um sordado
Mago feio e infadado
Nem cum revóve eu pudia
Porém se o chefe mandasse
Prendê alguém qui errasse
Dava a gota mais eu ia


Um dia de madrugada
Eu estava bem deitado
Quando chegou Zé buchada
Com os óio arregalado
Foi logo chamando a gente
Depois deu parte ao tenente
Relatou o desmantelo
Traça rua ontem brigou
Portanto agora o Senhor
Vai ter que mandar prendê-lo


O tenente olhou pra mim
Eu chega tive um abalo
Disse: - Amanhã bem cedim
Você vá lá intimá-lo
Disse isso e foi se deitar
Eu peguei logo a ficar
Amarelo e mêi cansado
Deu-me uma tremedeira
E eu disse é a derradeira
Viagem desse soldado


No outro dia bem cedo
Eu pus o pé no camim
Ia tremendo de medo
E cunversando sozim
Aqui e acolá parava
Fazia um gesto insaiava
O que diria pra ele
E saí me maldizeno
Nove hora mais ou menos
Eu cheguei na casa dele


Fui chegando com cuidado
A casa estava trancada
Eu fui olhando de lado
Vi ele numa latada
Tava dum bode tratano
Eu fui lá me aprochegano
Pra perto do fariseu
Minha garganta tremia
Eu fui e disse assim: Bom dia!
Ele nem me arrespondeu


E eu peguei conversando
E me aprochegano mais
E ele lá trabaiano
Sem me dá nenhum cartaz
Eu disse: - Bonito dia
Eihm! Seu Toím quem diria
Que esse ano ia chuver
Eita qui bodão criado
É pra vender no mercado
Ou mode o senhor cumê 


Aí ele olhou pra mim
Eu peguei logo a surri
Ele diche bem assim
Qui diabo tu qué aqui?
Aí eu diche não sinhô
É qui eu sou um caçador
Qui moro no pé da serra
Me perdi de madrugada
Não achei mais a estrada
E saí nas suas terra


Aí ele me interrogou
Então cadê seu bisaco?
Eu diche ah! Não sim senhor
Caiu dentro dum buraco
Ele diche sente aí
Qui eu tô terminando aqui
Qui é pra mode conzinhar
E você chegou agora
Portanto só vai imbora
Adispois qui armoçá


Quando nóis tava armonçando
Ele pegou cunversar
E diche: -Faz vinte anos
Qui moro nesse lugar
Sem mulé e sem parente
As vezes tomo aguardente
Faço papel de bandido
Eu sei qui é covardia
Mas quando é no outro dia
Eu to munto arrependido


Então eu disse é agora
Qui faço a minha defesa
Peguei a fera na hora
Dum momento de fraqueza
Aí disse: - Realmente
O sinhor é diferente
Quando istá imbriagado
Mais dexe isso pra lá
Qui a vida vive a passar
E o qui passou ta passado


Viu seu Antoim tem mais uma
Eu nunca fui caçador
Tombem istô cum vergonha
De tê mentido ao sinhô
Eu sou um pobre sordado
Qui as orde do delegado
Meu devê é dispachar
Porém prefiro morrer
Do que dizer a você
Qui vim aqui lhe intimar


Se o delegado achar ruim
Pode tirar minha farda
Mais intimar seu Toím
Deus me livre intimo nada
Nisso Ontoim se levantou
Bebeu água se sentou
Dispois pegou preguntar
Quer dizer qui o sordado
Pur orde do delegado
Veio aqui mi intimar


Eu fui falar mais não deu
Peguei logo a gagejar
Nisso Ontoim oiou pra eu
Disse: -Pode se acalmar
Resolvi ir com você
Pra cunversar e saber
O qui quer o delegado
Pois se eu não for camarada
Vão tirar a sua farda
E eu vou me sentir curpado


E vamo logo si imbora
Enquanto eu tô cum vontade
Mais ou menos quatro hora
Fumo entrando na cidade
De longe eu vi o tenente
Assentado num batente
Cum uns cabra a cunversar
Qui quando viu nóis gritou:
-Valei-me nosso Senhor
Ispie só quem vem lá


Eu só tou acreditando
Porque meus óio estão vendo
Tranca rua vem chegando
Caboré vem lhe trazendo
O cabra é macho demais
Nisso eu fui e passei pra trás
Que é pra chamar atenção
E só pra me amostrar
Eu resolvi impurrar
Tranca rua cum a mão


Esse nêgo camarada
Ficou meio enfurecido
Deu-me uma chapuletada
Por cima do pé do uvido
Qui eu saí feito um pião
Rodano sem direção
Pru cima de pedra e pau
Graças a Virge Maria
Só acordei no outro dia
Na cama dum hospital


Não sei o qui se passou
Dispois qui eu dismaiei
Por que ninguém me contou
E eu tombem não perguntei
Eu só sei qui o delegado
Até hoje é aleijado
E qui esse uvido meu
Nunca mais iscutou nada
Adispois da bordoada
Qui Tranca rua me deu.!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Poesia de Anizão


Na Paraíba é assim
Um cordel sobre a Paixão de Cristo
Anízio Santos

Na Paraíba é assim
Os fatos como acontece
No sertão da Paraíba
Sua fama permanece
Foi numa paixão de Cristo
Pra descrevê-la eu incisto
Veja Cristo o que padece.


Nos confins da Paraíba
Um elenco foi formado
Pelo dono de um circo
Que lá estava instalado
Teve os artistas escolhido
Ficando já definidos
Cada papel ensaiado.


Moradores da cidade
Da peça participaram
Para um entrosamento
Muitos dias ensaiaram
Para ser tudo perfeito
Adotaram esse conceito
Todos se organizaram.


Para o papel principal
Foi um rapaz escolhido
Da cidade era o gatão
Pelas mulheres querido
Famoso por conquistar
Foi logo chifre botar
Do circo o dono escolhido.


Fazer papel de Jesus
O rapaz ia encenar
O dono circo soube
Que chifre estava a levar
Sabendo do ocorrido
Sentiu por ser traído
Mas não quis atrapalhar.


Com o elenco definido
Fez ele a reunião
Decidiu participar
Mas houve contestação
Mas ele a peça montou
Todo mundo lhe aceitou
Pra esta apresentação.


Falou o dono do circo
O meu papel nada fala
Só faz a encenação
Vou fazer perfeita e clara
Serei um centurião
Pra causar muita emoção
Com um chicote que estala.


E chegando o grande dia
Os povões compareceram
Muitas beatas e devotos
As ruas todas se encheram
Para ver com emoção
Sentindo grande emoção
Vendo o que Jesus sofreu.


No momento mais solene
Foi um silêncio profundo
Todos querendo assistir
O homem que veio ao mundo
Pregar o amor e união
E sofrer grande aflição
Sendo da paz o fecundo.


Toda platéia chorosa
Vendo Jesus carregando
Aquela cruz tão pesada
E o povo acompanhando
Foi quando o centurião
Com a chibata na mão
Já ia se preparando.


Levou chifre de Jesus
Agora pra se vingar
Com a chibata empunhada
Pra com muita força dar
Fazendo um papel perfeito
Ia fazer do seu jeito
Pra ninguém desconfiar.


E chegando o seu momento
Para a sena apresentar
O centurião com força
Deu para as listas ficar
Jesus falou ou sujeito
Batendo assim desse jeito
Você vai me machucar.


O centurião com jeito
Com Jesus dialogou
É pra causar emoção
Mas mesmo assim lhe falou
A sena pra ser perfeita
Você só faça careta
Do jeito que se passou.


Com mais duas chibatadas
Jesus não mais suportou
O sangue já escorrendo
Sua cruz no chão jogou
Com a peixeira afiada
Vou lhe dar uma facada
Pra você sentir a dor.


Jesus correndo gritava
Vou lhe pegar no além
E as betas gritavam
Fura Jesus muito bem
Aqui é a Paraíba
Centurião não castiga
Pois não é Jerusalém.


Jesus todo recortado
Por muito tempo correu
O centurião depressa
Nas matas se escondeu
Foi quando vi Cristo brabo
Pegando a faca no cabo
E o centurião correu.


E assim foi a história
Do corno centurião
E o Jesus escolhido
Pra esta apresentação
Juntando corno e chifrudo
Na Paraíba tem tudo
Isto não foi ficção.


//Anízio, 10/06/2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Visitas ao Mundo Cordel


QUASE 65.000 ACESSOS

Acabo de fechar a estatística do primeiro semestre de 2011. Foram 64.930 acessos de janeiro a junho deste ano. É mais que o triplo do mesmo período no ano passado. 
Meus agradecimentos a todos que visitaram este Mundo Cordel.
Espero que tenham encontrado algo de útil por aqui.