terça-feira, 28 de junho de 2011

Poesia de Dalinha Catunda


MEU VESTIDO DE SÃO JOÃO

*
Foi Mexendo em meus guardados
E fazendo arrumação
Que encontrei embrulhado
Meu vestido de São João
Um vestidinho singelo.
Mas eu considero belo
E logo voltei ao sertão.
*
Eu sinto tanta saudade,
Das velhas festas juninas
Onde eu era bem feliz
Junto com outras meninas
Ensaiando nossas danças
Organizando as festanças
Tipicamente nordestinas.
*
Vestia-me de matuta,
Com meu vestido de chita
Nos cabelos duas tranças
Nas tranças laço de fita.
De palha era meu chapéu
E eu me sentia no céu,
Não conhecia desdita.
*
O fogo unia famílias
Fogueira era tradição
O casamento matuto
Não faltava no são João
E o bom forró que rolava
Quando a gente rebolava
Era do rei do Baião.
*
Hoje tudo esta mudado
Veio a modernização,
Acabando com os costumes
Do nosso agreste sertão.
Acabando com a folia,
E com a nossa alegria
Enterrando a tradição.
*

11 comentários:

  1. Excelente, Marcão!!!! Tem toda a razão, estava conversando exatamente isso com um amigo ontem...vc colocou de uma ótima forma!

    Abraço,

    Rafael

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  2. Rafael,
    Vc quis dizer que a Dalinha disse tudo, não?

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  3. Olá Marcos,
    Obrigada pela postagem e por essa sadia amizade.
    Rafael aparece sempre nos meus blos, obrigada pela presença, Rafael.
    Meu abraço aos dois.

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  4. Opa!! Isso mesmo Marcão! Me perdi durante a leitura, bem lembrado!

    []s

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  5. Dalinha,
    não lembro como encontrei o Rafael, com seu fantástico blog "Desce Mais Uma!", mas acho que tenho alguma participação na aproximação de vocês. Fazer essas conexões é algo que mais me anima na Rede.
    Abraços aos dois também.

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  6. Obrigado Dalinha, uma abraço a você também!

    É mesmo, Marcão, também não lembro de como nos encontramos, mas lembro que foi o primeiro blog de Cordel que encontrei e recomendei imediatamente a um amigo meu, que gosta muito! E o bacana, é que no nosso caso, ficou uma amizade além de visitantes e blogs..

    Acho que você tem algo a ver com esta aproximação...isso é muito bom mesmo!

    []ssss

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  7. Dalinha o seu vestido
    Que fez lembrar o sertão
    Nunca vai sair de moda
    Da cultura é tradição
    Pode ter outros modernos
    Mas não passa de um inverno
    Nem veste bem no São João.

    //Anizio, grande dalinha um abraço

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  8. Olá Anízio obrigada pelo comentário em versos. Gostei muito.
    *
    Querido amigo Anízio
    Gosto do Velho São João,
    Com casamento matuto
    Honrando a tradição
    Com camisa estampada
    Calça de brim remendada
    E com muita animação.
    *
    Um abraço,
    Dalinha

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  9. O Vestido das lembranças
    *
    Dalinha esse seu vestido,
    Dar mesmo recordação...
    Faz mexer com a saudade!
    Aumentando a emoção,
    E quem no são João amou!
    Hoje é só lembrança e dor,
    Marcas de uma paixão.

    Quem é que não tem saudade,
    De uma noite de são João...
    Do calor de uma fogueira,
    E da dança em um salão
    Namorar a noite inteira!
    Com uma cabocla faceira...
    Nas quebradas do sertão.

    Cada babado da saia!
    É uma mensagem escrita...
    Com as cores d’arco íris,
    Ornamentado com fita...
    São traços de uma imagem,
    No pensamento a viagem...
    Na minha memória fica.

    Os brincos essa indumentária!
    Dos bons tempos faz lembrar...
    Das festas com calmaria,
    Sem broncas pra registrar...
    Não tinha essa violência...
    Tudo eram paz e decência!
    Tempos que não vai voltar.

    O colar com este brilho,
    Tudo hoje faz lembrar...
    Das mocinhas passeando,
    Dos casais a namorar!
    Dos compadres na fogueira,
    Conversavam a noite inteira...
    Muito quentão pra tomar.

    As sandálias artesanais,
    Que hoje não mais fabrica!
    Eram todas detalhadas...
    Que só na imagem fica,
    Calçando bem na Dalinha,
    Marca que nunca definha...
    Tudo aqui se justifica.

    E essa saia rodada,
    Nunca muda é tradição...
    Faz parte dessa cultura,
    No Nordeste e região,
    É a marca ilustrada,
    Pra sempre será usada...
    Numa noite de São João.

    Como era boa a dança
    Na quadrilha do são João,
    As moças todas vestidas,
    A rigor com tradição...
    Na dança dava rodada,
    Com a saia toda enfeitada,
    Machucando coração.

    Quem nunca passou na roça!
    Uma noite de são João,
    Não sabe dessa cultura...
    Não viu quanta animação,
    Não tinha gente drogada!
    Mas a festa era animada,
    E se brincava em rojão.

    Aqui descrevi um pouco
    Inspirado na Dalinha...
    Com seu vestido que fez,
    Voltar às lembranças minha!
    Lembrar as noites de amor,
    Marcas que em mim ficou!
    Na mente e nunca definha.


    //Anizio 07/07/2011

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  10. Querido poeta,
    O que você relata em versos é uma verdade.
    Eu nasci e me criei no interior participando das festas juninas com suas danças, pular fogueira, passar fogo, na porta de cada casa havia uma fogueira, todos celebravam seus santos. Amo a cultura do Nordeste e fico muito feliz em receber essa homenagem sua.
    Um abraço carinhoso,
    Dalinha

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  11. Valeu poetisa, Gostei demais da conta. Grande abraço, Radialista Luiz Isael- FM DOM BOSCO 96,1 SABADO E DOMINGOS 06:00H - 07:00H

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