quarta-feira, 17 de julho de 2013

Livro de Geraldo Amancio e Vanderley Pereira



DE REPENTE CANTORIA

No dia dois de maio deste ano de 2013, participei de uma solenidade importante: o lançamento do livro de Geraldo Amancio e Vanderley Pereira, "De repente cantoria", verdadeiro repositório de versos, motes e repentes, rico de conhecimento e poesia.

O local do evento foi o Ideal Clube de Fortaleza, com a presença de intelectuais como Paulo Quezado, Virgílio Maia e Juarez Leitão, dentre outros do mesmo nível.

Do exemplar autografado que trouxe para casa, muitos são os trechos que tive vontade de postar neste Mundo Cordel, começando pela apresentação, feita de versos de José Alves Sobrinho, os quais transcrevo abaixo.

Muitos outros ainda hei de postar oportunamente.

Seguem os versos de José Alves Sobrinho, ali precedidos de local e data: Campina Grande, 2 de março de 1995:

Meu caro Geraldo Amancio
O meu coração sentiu
Porque você esteve aqui
Em casa, mas não me viu,
Embora eu tenha chegado
Logo que você saiu.

Colega, a sua visita
Foi-me uma grande surpresa,
Além de pedir-me uns versos
Para um livro, com franqueza,
É muito desprendimento,
Bondade e delicadeza.

Pede-me algumas estrofes
Que, porventura, eu as fiz
De improviso, ao som do pinho,
Em um momento feliz,
Mas isto o vento levou
E o tempo guarda e não diz.

Já faz uns trinta e dois anos
Que o meu estro arrefeceu,
Minha lira enferrujou,
Minha musa emudeceu,
Minha viola calou-se
E o meu cantador morreu.

Não tenho versos guardados
Como muita gente tem,
Pois nunca me interessei
Guardar meus versos, também;
Se os fiz, não tive coragem
De contá-los a ninguém.

Depois que perdi a voz
Muito já tenho sofrido,
Dos colegas, desprezado,
Dos amigos, esquecido,
Com tanta falta de apreço
É mesmo que ter morrido.

E como não tenho estrofes
De inspiração positiva,
Mando-lhe estes pobres versos
Em forma de uma missiva,
Embora não corresponda
Sua boa expectativa.

Bote estes versos ao lado
Daquela fotografia
Que a minha mulher lhe deu,
E da minha biografia
Basta dizer: este velho
Já foi cantador um dia.

Fico aqui rogando aos Céus
Pra que a sua coletânea
Tenha boa aceitação,
Duradoura ou momentânea,
Pois você fala daqueles
Que Deus jorrou sobre eles
A poesia espontânea.

Pegue agora o meu abraço
Numa alegria sem fim
E meu agradecimento
Porque você fez assim:
Lembrou-se dos cantadores
Grandes improvisadores,
Também lembrou-se de mim.





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