
A CARTOMANTE (O CORDEL)
Quem conhece um pouco de Literatura de Cordel sabe que é comum se fazer adaptações de grandes obras literárias para o cordel. O site Literatura Livre nos lembra que:
"Os Miseráveis", adaptação do cearense Klévisson Viana para o clássico homônimo de Victor Hugo, é um exemplo daquilo que o cordel é atualmente. O livro abre a coleção Clássicos em Cordel, da editora paulista Nova Alexandria, ao lado de outra adaptação do autor francês - "O corcunda de Notre-Dame", história pinçada do livro "Paris de Notre-Dame" e transposta para o sertão nordestino pelo poeta alagoano João Gomes de Sá. Dirigida pelo também cordelista Marco Haurélio, a coleção se propõe a transformar em prática sistemática a adaptação de grandes obras da literatura mundial para a linguagem do cordel, observada aqui e acolá ao longo da trajetória do cordel.
Bem, já havia um tempo que eu pensava em fazer uma adaptação assim. Semana passada estive relendo o conto "A Cartomante", de Machado de Assis, e pensei: "Dá pra transformar em cordel!".
Foi assim. O resultado é o que mostro a seguir:
Antes de começar a narração
Peço toda a atenção dos meus leitores
Pra lembrar de um dos grandes escritores
Que elevam o nome da nossa nação.
O que eu faço é uma adaptação
De uma obra genial e intrigante.
Esse famoso conto “A Cartomante”
De um dos grandes escritores do país.
Sua benção, Machado de Assis,
Que em tudo que fez foi tão brilhante!
A CARTOMANTE
(Adaptação da obra de Machado de Assis para a Literatura de Cordel)
Marcos Mairton
A nossa história começa
Na hora em que dois amantes
Encontrando-se em segredo
Falavam em cartomantes.
Contava a moça ao amado
Que havia se consultado,
Com uma um dia antes.
O rapaz era Camilo,
O nome da moça: Rita.
Ela, então, dizia a ele
Que andava muito aflita
Pois temia que o rapaz
Já não lhe amasse mais
Nem lhe achasse mais bonita.
Que, por isso, tinha ido
Consultar-se com a vidente
Para ver se em suas cartas
Ficaria aparente
Se o amor permanecia
Ou se já esmaecia
Tornando-se decadente.
O rapaz ria daquilo.
Quase não acreditava
Nas coisas que a bela Rita
Nessa hora lhe contava.
E, segurando sua mão,
Acalmou seu coração,
Dizendo que lhe amava.
Dizia: “Rita, meu bem,
Não sofras dessa maneira.
Tu és o meu grande amor,
Minha paixão verdadeira.
O que mais quero na vida
É ter você, ó querida,
Pela minha vida inteira”.
Diante dessas palavras
A moça se acalmou
E disse para Camilo:
“A cartomante falou
Que eu gosto de alguém
Que gosta de mim também,
E vejo que ela acertou”.
Camilo riu outra vez:
“Acreditas realmente
Que essa mulher vê nas cartas
A vida de toda gente?
Que desvenda o seu passado
E o que está programado
Pra encontrar pela frente?”
Rita disse: “Eu acredito,
Mesmo vendo que não crês.
Pois sei que há muitos mistérios
Na terra e no céu que vês”.
Sem saber, dizia Rita
Uma frase que foi dita
Por um escritor inglês.
Naquele instante Camilo
Tinha ainda o que falar
Mas, logo ele achou que era
Mais sensato se calar,
Pensando com seus botões:
“São apenas ilusões,
Não vou me incomodar”.
Camilo foi educado
Por uma mãe dedicada
Que, por crer muito nos outros,
Terminou sendo enganada.
Talvez por esse passado,
Camilo, desconfiado,
Não acreditava em nada.
Camilo, então, beijou Rita,
E assim despediu-se dela.
Recomendou que, ao sair,
Ela tivesse cautela.
Precisavam ser espertos
Pra não serem descobertos
Por seu marido Vilela.
Vilela, Camilo e Rita.
Três nomes, uma só trama.
Passo agora a lhes contar
O começo desse drama
De amor e de amizade
Paixão e infidelidade,
De quem trai e de quem ama.
Quem conhece um pouco de Literatura de Cordel sabe que é comum se fazer adaptações de grandes obras literárias para o cordel. O site Literatura Livre nos lembra que:
"Os Miseráveis", adaptação do cearense Klévisson Viana para o clássico homônimo de Victor Hugo, é um exemplo daquilo que o cordel é atualmente. O livro abre a coleção Clássicos em Cordel, da editora paulista Nova Alexandria, ao lado de outra adaptação do autor francês - "O corcunda de Notre-Dame", história pinçada do livro "Paris de Notre-Dame" e transposta para o sertão nordestino pelo poeta alagoano João Gomes de Sá. Dirigida pelo também cordelista Marco Haurélio, a coleção se propõe a transformar em prática sistemática a adaptação de grandes obras da literatura mundial para a linguagem do cordel, observada aqui e acolá ao longo da trajetória do cordel.
Bem, já havia um tempo que eu pensava em fazer uma adaptação assim. Semana passada estive relendo o conto "A Cartomante", de Machado de Assis, e pensei: "Dá pra transformar em cordel!".
Foi assim. O resultado é o que mostro a seguir:
Antes de começar a narração
Peço toda a atenção dos meus leitores
Pra lembrar de um dos grandes escritores
Que elevam o nome da nossa nação.
O que eu faço é uma adaptação
De uma obra genial e intrigante.
Esse famoso conto “A Cartomante”
De um dos grandes escritores do país.
Sua benção, Machado de Assis,
Que em tudo que fez foi tão brilhante!
A CARTOMANTE
(Adaptação da obra de Machado de Assis para a Literatura de Cordel)
Marcos Mairton
A nossa história começa
Na hora em que dois amantes
Encontrando-se em segredo
Falavam em cartomantes.
Contava a moça ao amado
Que havia se consultado,
Com uma um dia antes.
O rapaz era Camilo,
O nome da moça: Rita.
Ela, então, dizia a ele
Que andava muito aflita
Pois temia que o rapaz
Já não lhe amasse mais
Nem lhe achasse mais bonita.
Que, por isso, tinha ido
Consultar-se com a vidente
Para ver se em suas cartas
Ficaria aparente
Se o amor permanecia
Ou se já esmaecia
Tornando-se decadente.
O rapaz ria daquilo.
Quase não acreditava
Nas coisas que a bela Rita
Nessa hora lhe contava.
E, segurando sua mão,
Acalmou seu coração,
Dizendo que lhe amava.
Dizia: “Rita, meu bem,
Não sofras dessa maneira.
Tu és o meu grande amor,
Minha paixão verdadeira.
O que mais quero na vida
É ter você, ó querida,
Pela minha vida inteira”.
Diante dessas palavras
A moça se acalmou
E disse para Camilo:
“A cartomante falou
Que eu gosto de alguém
Que gosta de mim também,
E vejo que ela acertou”.
Camilo riu outra vez:
“Acreditas realmente
Que essa mulher vê nas cartas
A vida de toda gente?
Que desvenda o seu passado
E o que está programado
Pra encontrar pela frente?”
Rita disse: “Eu acredito,
Mesmo vendo que não crês.
Pois sei que há muitos mistérios
Na terra e no céu que vês”.
Sem saber, dizia Rita
Uma frase que foi dita
Por um escritor inglês.
Naquele instante Camilo
Tinha ainda o que falar
Mas, logo ele achou que era
Mais sensato se calar,
Pensando com seus botões:
“São apenas ilusões,
Não vou me incomodar”.
Camilo foi educado
Por uma mãe dedicada
Que, por crer muito nos outros,
Terminou sendo enganada.
Talvez por esse passado,
Camilo, desconfiado,
Não acreditava em nada.
Camilo, então, beijou Rita,
E assim despediu-se dela.
Recomendou que, ao sair,
Ela tivesse cautela.
Precisavam ser espertos
Pra não serem descobertos
Por seu marido Vilela.
Vilela, Camilo e Rita.
Três nomes, uma só trama.
Passo agora a lhes contar
O começo desse drama
De amor e de amizade
Paixão e infidelidade,
De quem trai e de quem ama.
(...)
Atendendo recomendações editoriais, estou mantendo apenas parte do texto. Espero que em breve a obra esteja publicada.