sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Fábula em Cordel

(Ilustração de Gustave Doré)


A MORTE E O LENHADOR
Marcos Mairton
(adaptado da fábula de La Fontaine)


Foi o francês La Fontaine
Quem, certa vez, me contou
A história de um homem
Que pela morte chamou,
Mas depois se arrependeu,
Quando ela apareceu
E perto dele chegou.


Era um velho lenhador
Que andava muito cansado
Do fardo que, até então,
Ele havia carregado.
Um fardo que parecia
Sempre e sempre, a cada dia,
Mais incômodo e pesado.


Estava velho e doente,
Sentia o corpo doído.
Maltratado pelo tempo,
Seu semblante era sofrido.
Seguia, assim, seu caminho,
Atormentado e sozinho,
Sempre sujo e mal vestido.


Certa vez, ao fim do dia,
Quando ia pela estrada,
Para a choupana que então
Lhe servia de morada,
Foi obrigado a parar
Um pouco pra descansar
Da extensa caminhada.


Trazia um feixe de lenha
Que foi buscar na floresta.
Largou a lenha no chão,
Passou a mão pela testa,
Maldizendo-se da sorte,
Pensou: – É melhor a morte,
Que uma vida que não presta.


– Não consigo carregar
Essa lenha tão pesada.
Já não tenho mais saúde,
Meu ganho não dá pra nada,
Perseguido por credores,
Meu corpo cheio de dores,
Ai que vida desgraçada!


– Ó, Morte, onde é que andas,
Que não ouve o meu lamento?
Que não vem pra me tirar
Desse brejo lamacento?
Dona Morte, eu te rogo,
Venha acabar, venha logo,
Com meu grande sofrimento!


Aí, ela apareceu,
Com sua foice na mão.
Aproximou-se do velho
E disse logo: – Pois não.
Estavas a me chamar?
Em que posso te ajudar,
Querido filho de Adão?


O velho sentiu um frio
Lhe correr pelo espinhaço,
Quando a voz rouca da morte
Ecoou naquele espaço.
E pensou, na mesma hora:
“O que é que eu faço agora?
E agora o que é que eu faço?”

Então disse: – Essa honra,
Não acredito que eu tenha,
Que atendendo meu chamado
A senhora aqui me venha.
Mas, se posso pedir tanto,
Me ajude, por enquanto,
A carregar essa lenha!


A morte saiu dali
Um tanto desapontada,
E o velho foi embora
Cantarolando na estrada,
Porque, “mesmo padecendo,
Melhor é seguir vivendo
Que morrer sem sofrer nada”.


É essa a moral da história
Que La Fontaine nos deu,
Nessa fábula que ele,
Entre muitas, escreveu.
Eu, apenas transformei
Em cordel e dediquei
A você, que agora leu.


Jean de La Fontaine é o mais célebre fabulista e um dos escritores franceses mais lidos em todos os tempos. Nasceu em 8 de julho de 1621 em Château – Thierry, Champagne. Começou sua carreira literária em 1650, tendo publicado seus primeiros livros de fábulas em 1668. Em 1683 foi admitido na Academina Francesa de Letras. Os útimos volumes de suas fábulas foram editados em 1694, um ano antes de sua morte, em 13 de abril de 1695, aos 73 anos.

9 comentários:

  1. Lembrei-me do Mansueto Véi de Nhorde.

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  2. Olá Marcos,
    As fábulas de La Fontaine, São bárbaras!!! adoro. E você não deixou barato mandou muito bem neste cordel. Recriar também é uma ótima pedida,
    Um abraço,
    Dalinha

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  3. Parabens Marcos!!!
    pelo belo cordel, me ajudou muito em um trabalho de aula do meu filho.
    Um abraço,
    Joselma

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  4. Site horrível, queria pegar uma fábula em forma de cordel, mas como não tem estou esculhambando este site podre!!!

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    1. Faça você mesmo então invés de copiar da internet vadio!

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  5. Será que o ilustre anônimo sabe o que é uma fábula???

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  6. adorei o que esta fazendo pela cultura popular

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    1. ADOREI ESSE CORDEL
      QUE MUITO NOS FAZ PENSAR
      EM MUITOS QUE NA TERRA SOFREM
      VIVENDO SÓ A PENAR
      MAS SEM NUNCA DESISTIR
      CONTINUANDO A PERSISTIR
      E A VITÓRIA CONQUISTAR


      LAÉCIO FERNANDES DE MEDEIROS

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