terça-feira, 30 de julho de 2013

Participação de visitantes

Já comentei aqui várias vezes que muito me alegram as contribuições de visitantes, que mandam seus versos, ora em comentários, ora por e-mail.
Às vezes custo a transformar os versos em postagem, pode ser que alguns acabem não sendo publicados (a estes eu peço desculpas), porque, afinal, tenho inúmeras outras atividades e nem sempre dou a este Mundo Cordel a atenção que ele merece. 
Mas, é sempre bom encontrar versos novos por aqui, como estes, de Goretti Albuquerque, editora do blog "Balaio da Poesia".


CORDEL DA MULHER ATREVIDA
Goretti Albuquerque


Não sou Mulher que se diga
ETA! Que “Dona Patroa!
Também o pior não diga,
Se eu não sou tão a “Boa,”
Chamem-me de Atrevida
Um pouco de Pervertida,
Porém jamais fui atoa.

Nunca fui de ganhar Temas,
Mas me visto de Poema
Sou meu próprio Diadema.
Chamem-me Pedra Noventa
Vou pra casa dos Sessenta
Meio a reverso e Dilema.
Enfim, sou meu próprio lema.

Eu nasci bem desprovida
Dos atributos reais.
Era triste e inibida,
Com silhueta normal.
Ás vezes desengonçada
Em outras, um pouco ousada,
Mas sem trejeitos Fatais.

Aos poucos fui me encarando
Aceitando-me como eu era...
Não era a Bela Encantada
Mas, eu vivia essa espera.
De um dia transformar-me
Na mais formosa Donzela
E ser de fato a Fera.

Abri porteira no “Mundo”
Por onde eu nem caberia,
Pisei abismo profundo
Submergi com “Valia”
Comi poeira da estrada
Atravessei a invernada
Estampei-me com Ousadia.

Só não Roubei nem Matei
Nem em vícios fui parar.
Lombo de Touro eu montei.
Pulei muro a me arrastar
Para poder escapar
Saltei por cima do Mar
Tentando me equilibrar.

Quem conhece a Face Dura
Do chão que pisa a Pobreza,
Colhe a “Provisão Madura
E trás no rosto a Beleza
Planta capim no asfalto
Produz seu grande roçado
Sem cansaço e sem Moleza.

Porém quem não compreender
É que não viveu no Fio,
Da Navalha a entender,
Que na voz de um arredio
Existe um gritar latente
Não se tem vida decente
Com a barriga vazia.

Senti dor e desalento
Sem poder dar nem um pio.
Assemelhei-me ao jumento,
Quando lhe falta alimento
Inclina pra baixo a crina
Faz de seus passos, sua Sina
Relincha buscando alento.

Para encurtar essa história,
Guarde-me em sua memória.
Sou filha da “Persistência”
Tenho irmãos com Sapiência
Doutor em Sabedoria.
Penso com muita Ousadia
Sou a Mãe Da Valentia.

Um comentário:

  1. Eita! Diacho! Que mulher é essa!
    Falando estória muida,
    Cada mulher tem uma sina
    Vivendo sua própria vida
    Esse cordel fala bem
    Uma estória que contém
    Uma mulher bem atrevida.

    ResponderExcluir