domingo, 4 de setembro de 2011

Décimas de Manoel Cavalcante de Castro


DE REPENTE
Manoel Cavalcante de Castro


É preciso que se ouça a correnteza
Pelos hinos de João Paraibano…
Lourival trocadilho “sobre-humano”
Trocou versos trocados por beleza.
Zé Limeira, surreal, a realeza,
Cantou tudo de forma indiscreta,
Desmontou uma poesia já concreta,
Pra gramática se fez de cego e surdo,
O chamado poeta do absurdo
Foi pra mim um absurdo de poeta.


Preciso é pesquisar Manoel Filó,
Manoel “Filosofia” de Menezes…
E um Pinto de Monteiro que por vezes
Triturou cantador com um bote só.
Pinto foi uma serpente que sem dó
Nos poetas fazia um extermínio;
Até quando cantou foi predomínio;
O maior dos melhores do repente.
Foi além dos limites de uma mente
Sempre envolto em tufões de raciocínio.


A TV é preciso desligar,
Já é hora de aumentarmos outro ibope
Viajando com Geraldo num “Galope”
A mil versos por hora sem parar…
Ivanildo e o infindo linguajar
Lhe confere o perfil de gênio e astro,
Deixa os outros bem longe do seu rastro
Porque tem na sua dose de ataque
A perfeita congruência de Bilac
E a fervência descomunal de Castro.


Que sintam a tempestade de emoção
De Eliseu Ventania cancioneiro,
O inventor do estribilho, o pioneiro,
A debruçar na viola uma canção.
“Os Nonatos” novatos também são
Viajores do amor que nos ufana;
O lirismo, qual canção camoniana,
Nos desvenda os mistérios e os segredos;
As palavras para eles são brinquedos
Desenhando as feições da alma humana.


Preciso é reviver o som do pinho
De Cancão, Canhotinho e de Catôta,
E banhar-se pelo menos numa gota
Dos repentes de José Alves Sobrinho.
Se há uma pedra no meio do caminho,
Nosso Cego Aderaldo pode vê-la,
Um gênio oculto que enxergava pela
Mente rápida, mas de extrema calma;
Quem Deus fez com o brilho só na alma
Levou cedo ao céu pra ser estrela…


Roguem a Rogaciano a vida inteira
Que estes versos não morram no silêncio
Qual Inácio, Romano e Inocêncio
Otacílio, Belarmino e Ferreira.
Que se estude a dinastia dos “Bandeira”
E dos “Batistas” quem foi mais cantador?
Doutor Dimas das rimas um doutor,
Um filósofo anônimo sem espaço.
E Oliveira de Panelas voz de aço,
Um poeta com garganta de tenor?


Mas quem são esses poetas, quem serão??
Por que essa fama que é tão minoritária?
Por que não são de uma escola literária?
Serão vítimas de uma suja inversão?!
Faltam muitos aqui na citação,
Mas vou parar e voltar ao meu mundo,
Pois cada verso daqui que for profundo,
Quase não faço em mais de uma semana
E um repentista no bater de uma pestana
Faz mil vezes melhor em um segundo.

3 comentários:

  1. Caríssimo Mairton,
    Uma MARAVILHA estas décimas. Coisas de gênio, falando de outros... PARABÉNS !
    Um abraço,
    Rosário Pinto

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  2. Eita... Eu nem sabia de tanta fama... Obrigado ao dono do blog!

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  3. A pouco tempo tomei conhecimento dessa modalidade, estou encantada.

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