segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Cordel e atualidades: as prisões


QUEM ESTÁ DENTRO E QUEM ESTÁ FORA DAS PRISÕES?

Perguntei ao poeta Marcos Mairton, autor deste blog, se ele me faria versos falando sobre as prisões brasileiras. Ele pediu um tempo para pensar, e no dia seguinte me enviou um e-mail com os versos abaixo:

No jornal vi a notícia
Que não chega a ser surpresa:
“Muita gente que está presa
Não dá sossego à polícia”.
Com engenho e com malícia
E com muita ousadia
Os bandidos, quem diria,
Dão golpe por telefone.
Acho que nem Al Capone
Esperava isso um dia.

Traficantes poderosos
Também dão continuidade
À sua atividade
Seus negócios criminosos.
Auxiliares ciosos
Vão cumprindo as missões
Que recebem dos chefões
Que estão dentro dos presídios
Seqüestros e homicídios
São suas ocupações.

Já o cidadão de bem
Esse vive assustado,
Na sua casa trancado,
E até no carro, quem tem,
Ali se tranca também,
Levanta o vidro e então
Segue com o coração
Batendo muito ligeiro,
É assim o carcereiro
Da sua própria prisão.

Cercas eletrificadas
Se estendem sobre os muros
Que já não deixam seguros
Seus lares, suas moradas.
Janelas bem gradeadas,
Também não dão segurança.
Vai morrendo a esperança
De em nossa sociedade,
Reinar a tranqüilidade
De quando eu era criança.

Vendo isso acontecer
Reflito sobre o problema:
Por que o nosso sistema,
De punir e de prender
Não consegue resolver
A questão da violência?
Será só incompetência
Dos governos da nação?
Ou existe outra razão
E nós não temos ciência?

Eu sei que essa questão
Envolve outros fatores
Que também são causadores
Do problema em discussão.
Desemprego, educação,
Ou melhor, a falta dela,
Abandono da favela
Ao poder dos traficantes,
São fatores importantes
Para por em nossa tela.

Compondo esse cenário
Se destacam as prisões.
Lotadas, sem condições,
Seu estado é bem precário.
Nelas o presidiário,
Em vez de se arrepender,
E nunca mais cometer
O ato que o condenou,
Sai pior do que entrou
Do crime passa a viver.

Não precisa ser doutor
Pra saber dessa verdade,
Quem diz, na realidade,
É o próprio infrator.
O Pedrinho Matador,
Que já matou mais de cem
Certa vez disse a alguém,
Com muita convicção:
“A cadeia, meu irmão,
não recupera ninguém”.

2 comentários:

  1. Hoje não sabemos mais/
    Quem é um bom cidadão/
    Não temos esta certidão/
    Muitos são os imorais/
    São honestos parciais/
    Muitos são os pervertidos/
    São milhares de bandidos/
    É tráfico em toda nação/
    Até uns políticos estão/
    No grande tráfico inserido./

    ***************************
    //Anizio, 13/09/2009
    Campina Grande

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  2. Meu Deus, que horror e agonia
    Ver tamanha tirania
    Na mão de um bandido
    Que só anda prevenido
    Todo municiado
    Com arma para todo lado
    Faz o bom senso ficar rendido.

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