quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Cordel em Várzea Alegre



A VIOLA DE MUNDIM DO VALE

No post anterior noticiei a falta dos internautas do Cariri em MundoCordel, especialmente os de Juazeiro do Norte.

Pois no mesmo dia ocorreu de eu manter contato com meu amigo Ricardo Piau, natural de Várzea alegre, morando atualmente no Juazeiro de Meu Padim.


Pra quem não conhece, Várzea Alegre é um município localizado a 467 km de Fortaleza, com uma população de 34.844 habitantes em 2000 (fonte: wikipedia.org), muito amada pelas pessoas que nascem lá. Digo isso porque conheço vários varzealegrenses e todos vivem repetindo a frase: "Ô Várzea Alegre boa! Só é longe...". Em Fortaleza, vez por outra se vê um carro com essa frase no vidro traseiro.

Ricardo, que não vejo a anos, sempre tinha alguma história pra contar de sua terra, como aquela da cadeia que ficava na Rua da Liberdade. Tem também a história do cego da Boa Vista que morreu afogado na Lagoa Seca...

Bem, ontem Ricardo me deu a boa notícia de que seu irmão mais velho havia se tornado poeta, adotando o nome de "Mundim do Vale". Aproveitou para me enviar alguns trabalhos do poeta, um dos quais compartilho agora com os visitantes de MundoCordel:


A BANDEIRA DO SERTÃO

Toca viola guerreira
Nas mãos do teu cantador
Mostra ser a pioneira
Prova teu grande valor
Vais também para a cidade
Mostrar tua qualidade
De cultura resistente
Pede licença ao sertão
E vais mostrar perfeição
Tocando pra outra gente

Tocaste anos atrás
Com “Catulo e Aderaldo”
Hoje vens tocando mais
Com “Zé Maria e Geraldo”
És a boa companhia
Que ilustra a cantoria
De um repentista seguro
Tu que conservas a história
De um passado de glória
Olhas também teu futuro

Mostra que fizeste parte
Do folclore Brasileiro
Que seguiste o estandarte
De Antônio Conselheiro
Foste tu “ brava viola”
O caminho e a escola
Dos melhores cantadores
Conseguiste diplomar
Na cultura popular
Repentista de valores

Tocaste pra Lampião
E os seus “ Cabras-da peste “
Também pra Frei Damião
Santo frade do Nordeste
Tocaste a chuva molhando
E o sertanejo cantando
Alegre na plantação
Também tocaste o sol quente
Da cruel seca inclemente
Esturricando o sertão

Viola esse teu padrão
É de peça de estima
És o ponto de união
Entre o poeta e a rima
Teu toque lembra o romeiro
Com destino ao Juazeiro
Em seu grande objetivo
Tu lembras também teu dono
Que vive no abandono
Por falta de incentivo

Foste tu “ brava guerreira “
Que me deste inspiração
Também foste a primeira
Que tocou no meu sertão
É chegada a tua vez
De perder a timidez
Onde quer que tu estejas
Não esqueças tua fama
Que tu és “Primeira dama “
Das culturas sertanejas

O teu espaço negado
Foi pior do que tortura
Mas tu muito tens lutado
Com teu ato de bravura
Continua a batalhar
Que um dia há de chegar
O diploma do teu teste
Tu serás reconhecida
No resto da tua vida
Como um “Símbolo do Nordeste “

Não invejes a guitarra
Nas mãos de um metaleiro
Porque tu tens muita garra
Nas mãos do teu violeiro
Mostra que sabes tocar
Na cultura popular
Defendendo o teu torrão
Fazes sons aparecer
Que um dia tu hás de ser
A BANDEIRA DO SERTÃO.


Nenhum comentário:

Postar um comentário