quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Poeta do Absurdo na Literatura de Cordel


TAPIOCA RECHEADA COM POESIA DE CORDEL

Deslocando-me de Mossoró para Fortaleza, parei pertinho da capital cearense - já na parte onde a CE-040 se confunde com a Avenida Washington Soares - para comer uma tapioca com chocolate quente. Geralmente, toma-se a tapioca com café, mas não gosto de café.
Cheguei já pensando na tapioca recheada com queijo e ovo, mas, na entrada do estabelecimento, outro recheio completou o repasto: o cordel “A PELEJA DE ZÉ DO JATI COM ZÉ LIMEIRA”, de Anchieta Dantas, o “Zé do Jati”, conhecido personagem do Programa Garras da Patrulha, da TV Diário, de Fortaleza.

Pra quem não conhece, Jati é uma pequena cidade situada bem no sul do Ceará, quase na divisa com os Estados de Pernambuco e da Paraíba, onde no passado mandavam os índios Kariris.


Já tive oportunidade de incluir Jati em meus versos, quando falei da chegada da Justiça Federal ao Cariri:

Pois a Vara Federal,
Instalada em Juazeiro,
Cidade de muita fé,
Que acolhe tanto romeiro,
Tem sua jurisdição
Começando no sertão
E subindo pelas serras,
Até chegar a um lugar
De onde dá pra olhar
Pernambuco e suas terras.

Começando seu alcance
Nas terras do centro-sul,
A partir de Acopiara,
Passando por Iguatu,
Se estende até Mauriti,
De Brejo Santo a Jati,
Alargando suas fronteiras
Baixio, Ipaumirim,
Farias Brito e Jardim,
Campos Sales e Porteiras.

Sobre o Zé do Jati, disse a jornalista Lea Queiroz, “é autor dos livros NÓS E A METRÓPOLE, O PASSAGEIRO DO TEMPO e RANCHO NOVA ESPERANÇA. Diz a JORNALISTA ISABEL PINHEIRO, que acompanha seus feitos literários há 20 anos, trata-se de uma obra literária que desperta a atenção e mexe com as emoções mais escondidas”.

Para saber mais sobre Zé Limeira, visite http://www.revista.agulha.nom.br/otejo.html .

Segue um trecho da “peleja”:

ZÉ LIMEIRA
Getúlio Vargas morreu
Foi com saudade da esposa
Lampião inda tá vivo
Morando perto de Sousa
Por detrás do Sete-Estrelo
Tem um casal de raposa.

ZÉ DO JATI
Foram amigos e compadres
Julio César de Lampião
E sócios em uma fábrica
De chocolate e sabão
E um dia de madrugada
Ficaram sem fazer nada
Numa noite de São João.

ZÉ LIMEIRA
Santo Antonio foi pescar
Mussú no rio Jordão
Quando jogou o anzol
Arrastou um camião
Deu-lhe uma caimbra no pé
Nisso passou São José
Com três abrroba de pão.

ZÉ DO JATI
Nelson Piquet comprovou
Que é um grande vaqueiro
São Tomé já fez promessa
Pra pagar no Juazeiro
E São José numa vã
Faz lotação de manhã
De Cabrobó a Salgueiro.

ZÉ LIMEIRA
Jesus ia rezar missa
Na capela de Belém
Chegou Judas Carioca
Que viajava de trem
Trazia trinta macaco
Botou tudo num buraco
Não tinham nenhum vintém.

ZÉ DO JATI
Jesus nasceu em Belém
Pertinho de Cabrobó
Quando passou Jati
Já era “quage” de maió
Passou dirigindo um jipe
Com febre e com muita gripe
Em busca de Mossoró.

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