terça-feira, 30 de outubro de 2007

Cordel, repente e Direito

Antonio Francisco, Marcos Mairton, Gustavo Luz, Ivanildo Vilanova, Zé Luís e esse rapaz, de azul, que não estou lembrando o nome, bem que poderia mandar um email para eu completar a informação.

DIREITO, CORDEL, REPENTE E UM DESAFIO AO CONTRÁRIO

Desde que se referiram ao meu cordel “O ADVOGADO, O DIABO E A BENGALA ENCANTADA” como sendo de autoria de um juiz do Rio Grande do Norte, sem sequer mencionar meu nome, nem o fato de eu ser poeta, fiquei meio ressabiado em publicar poesias tratando de assuntos jurídicos.
Mas hoje não dá pra evitar. Depois de receber uma visita do grande Zé Luís, um verdadeiro repentista da advocacia – ou um advogado do repente – não há como não misturar as ciências jurídicas e poéticas.
Por exemplo, olha como é que Zé Luís abre o livro MEDIDAS LIMINARES NO PROCESSO CIVIL, escrito em parceria com José Herval Sampaio Júnior:

Realçou Carnelluti o quanto importa
Ver que o tempo é danoso e temerário
Impedindo o Poder Judiciário
De atender os que vão à sua porta;
A Sentença, ao surgir, é natimorta,
O Processo se torna ineficaz...
Rui Barbosa, um dos mestres geniais,
Já dizia ao Brasil antigamente:
“A Justiça tardia é simplesmente
Rematada injustiça e nada mais!”

Precisamos levar Direito aos lares,
Melhorando a Justiça da República
Com Ação Popular, a Civil Pública,
Liminar nas Medidas Cautelares;
Porque são as Medidas Liminares
Supressão do efeito temporal;
Na Tutela Específica, Interdital,
No Writ, afinal, em todos esses,
Solução dos conflitos de interesses,
Recompondo o tecido social!

Mesmo humilde, esta obra traz em si
Carlos Mário Veloso, mas Cretella,
J. J. Calmon, Scarpinella,
Celso Antonio Bandeira e Teori;
Theodoro, Rangel, Buzaid, Hely,
Nelson Nery e Marcato, outra potência;
Castro Nunes, sublime inteligência;
Encontra-se, leitor, no livro inteiro,
O melhor do Processo Brasileiro
Dissecando as Tutelas de Urgência!

Quando foi me entregar o meu exemplar, Zé Luís, que tinha acabado de ler o meu livro UMA SENTENÇA, UMA AVENTURA E UMA VERGONHA, fez a dedicatória em forma de decassílabo, nela fazendo referência a várias das poesias que escrevi. Ficou assim:

Parabéns a você, poeta nato,
Que em sonhos, ouviu, entre outros nomes,
Aderaldo, Martins, Leandro Gomes,
Lhe instigando a cantar pétala e regato;
A sentença do estelionato;
O galope, um trabalho muito bom;
Ofereço a você, que nasceu com
Força, garra, talento, luz e fé,
Ser Juiz Federal, qualquer um é,
Ser poeta, só é quem trouxe o dom...

Hoje, Zé Luís me apareceu com glosas ao mote DE DIA É SENTENCIANDO/ DE NOITE É NO VIOLÃO. Sem pedir sua licença, amigo Zé Luís, vou apresentar suas glosas intercaladas com as minhas, sobre o mote DE DIA É ADVOGANDO/ E DE NOITE É NO REPENTE, como se fosse um desafio. Mas é um desafio ao contrário, pois, ao invés de se depreciarem, os contendores não economizam elogios mútuos:

ZÉ LUÍS:
A Consulex publica:
No agravo houve reforma!
Abre o Código, estuda a norma,
Lê, interpreta e aplica;
O Tribunal notifica
Pra prestar informação,
Saber se é verdade ou não
O que as partes tão falando
DE DIA É SENTENCIANDO,
DE NOITE É NO VIOLÃO.

MARCOS MAIRTON:
Repentista de talento,
Advogado renomado,
Convence qualquer jurado,
Rebate qualquer argumento.
Zé Luís é cem por cento,
Criativo, inteligente,
Não vejo quem o enfrente
Na tribuna ou cantando
DE DIA É ADVOGANDO
E DE NOITE É NO REPENTE.

ZÉ LUÍS:
Sei que Mairton é aquele
Que supera grandes nomes
Só João e Leandro Gomes
Foram tão bons quanto ele.
Tem outro do nível dele:
É Catulo da Paixão,
Fernando Pessoa, não,
Ele é melhor que Fernando...
DE DIA É SENTENCIANDO,
DE NOITE É NO VIOLÃO.

MARCOS MAIRTON:
Zé Luís só exagera
Quando elogia um amigo
Por isso, canta comigo,
Me dizendo que eu sou fera.
Mas, meu Deus, ai quem me dera,
Saber lhe imitar, somente,
Eu já fico bem contente
Só de lhe ouvir cantando,
DE DIA É ADVOGANDO
E DE NOITE É NO REPENTE.

ZÉ LUÍS:
Mairton é quem veste a toga
Com calma e percuciência
Despacha, faz audiência
Cita o réu e lhe interroga;
Condena o Barão da droga,
Recebe a apelação,
Faz e revoga a prisão,
Prendendo gente e soltando
DE DIA É SENTENCIANDO,
DE NOITE É NO VIOLÃO.

MARCOS MAIRTON:
Certa vez, vi Zé Luís,
Enfrentando dura prova
Com Ivanildo Vilanova
Cantador de quem se diz
Ser o maior do país.
Mas, naquele dia quente,
Ficou do tamanho da gente
E o Zé se agigantando
DE DIA É ADVOGANDO
E DE NOITE É NO REPENTE.

ZÉ LUÍS:
Se são tráficos estrangeiros
Ele adverte aos agentes:
“- Descreva os entorpecentes.
As lavagens de dinheiro,
Os nomes dos quadrilheiros,
A rota que as drogas vão,
Detalhe a operação:
Como, quem, aonde e quando...
DE DIA É SENTENCIANDO,
DE NOITE É NO VIOLÃO.

MARCOS MAIRTON:
Zé Luís faz petição,
Faz sustentação oral,
Faz recurso especial
Agravo e apelação.
Sua fundamentação,
Desmantela o oponente.
Quem estiver pela frente
É bom ir se preparando
DE DIA É ADVOGANDO
E DE NOITE É NO REPENTE.

Um comentário:

  1. Sou Inácio Neto, um antigo amigo de Zé Luiz. Um admirador deste poeta. Tive o privilégio de conviver com seus primórdios, seus primeiros momentos na poesia. Ainda lembro o dia que o encontrei pela primeira vez. Dentro de uma rede ele buscava a cultura nos livros. Inspirava-se nos irmãos, tambem inteligentes. Seu dom não se restringe a poesia, considero-o um rapaz superdotado. Sua inteligencia é acima da média.

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