sábado, 16 de agosto de 2008

Os dois soldados (8ª parte)



CORDEL EM CAPÍTULOS VIII

O
post anterior terminou com a estrofe:

Ponderei sobre essas coisas
Com interesse real,
Mas, o tempo passou logo,
E, em verdade, no final,
Nada e nada concluímos.
Depois nós nos despedimos
E me fui do hospital.


E a história continua...

OS DOIS SOLDADOS
Marcos Mairton
(continuação)

O meu amigo ficou
Alguns dias internado,
Mas logo voltou pra casa,
E hoje está recuperado.
Muito tempo se passou
E aquele dia ficou
Esquecido no passado.

Até que, esta semana,
Eu estava almoçando
Em um shopping da cidade,
Muito distraído, quando
Ouvi uma voz falar:
“Veja, só neste lugar,
Quem eu estou encontrando”.

Eu sequer reconheci
Quem falava ali comigo,
Mas o homem se portava
Como fosse meu amigo,
Disse: “Que satisfação,
Tenho nesta ocasião
De encontrar aqui contigo!”

Foi aí que percebeu
Que eu não o reconhecia,
Então disse: “Me desculpe,
Como você poderia
Saber hoje quem sou eu
Se quando me conheceu
Não viu a fisionomia?”

“Eu sou aquele sujeito
Que estava todo queimado
No dia em que seu amigo
Estava hospitalizado.
Você foi lhe visitar
E eu peguei a lhe contar
Como fui acidentado.”

“Olhe só as cicatrizes
Que para sempre ficaram
Nos meus braços e orelhas
Que no incêndio se queimaram.
Mas, entendo se você
Não lembrar, mesmo por que
Muitos anos se passaram.”

Mas, quando ele falou isso,
Lembrei-me daquele dia.
Então o cumprimentei,
Perguntei se ele queria
Almoçar em minha mesa.
Teríamos, com certeza,
Assuntos a por em dia.


Continua no próximo post...

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