segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Os dois soldados (última parte)



CORDEL EM CAPÍTULOS X (FINAL)

O
post anterior terminou com a estrofe:

Naquele mesmo instante
O soldado mais valente
Mostrou todo seu valor
E partiu logo na frente
Entrou armazém adentro
Mas, quando estava lá dentro,
Mudou tudo, de repente.


E a história continua...

OS DOIS SOLDADOS
Marcos Mairton
(continuação)

O telhado desabou
Depois de ser atingido
Por um tiro de canhão,
Fazendo grande estampido,
E o valente soldado
Ficou lá, encurralado,
Provavelmente ferido.

Nessa hora o capitão
Correu para lhe salvar
E do meio dos escombros
Conseguiu lhe retirar
Mas quando ele saiu
Tudo aquilo explodiu
Em pedaços pelo ar.

Saímos dali correndo,
Buscando nos proteger
Mas, sem saber pra que lado
Deveríamos correr.
Então nos refugiamos
Numa vala que encontramos
Tentando sobreviver.

Percebi que o capitão
Foi ferido gravemente
E agonizava nos braços
Do soldado mais valente
Só que, antes de morrer,
Teve tempo de dizer,
Uma mensagem pra gente.

Dizia-lhe o capitão:
“Sei que logo irei morrer,
Mas, antes de eu partir,
Tenho algo a lhe dizer:
Quando eu me arrisquei,
Fiz apenas o que achei
Que eu tinha que fazer.

Não fiz para ser herói
Nem pra ser condecorado,
Mas, se algo do que eu sei,
Merece ser ensinado,
Lhe digo e sei que acerto:
Faça sempre o que achar certo
Por mais que seja arriscado”.

Foi isso o que sonhei
Na noite que antecedeu
O incêndio que vizinho
À nossa casa ocorreu.
Eu era muito criança
Mas tenho viva a lembrança
De tudo que aconteceu.

A frase que eu falei
Não foi de caso pensado.
Eu apenas repeti,
O que tinha escutado
Naquele momento incerto:
Faça sempre o que achar certo
Por mais que seja arriscado”.

Quando o rapaz acabou
Toda aquela narração,
Percebi que o pai chorava
Tomado pela emoção.
Fui um privilegiado
Por eu ter presenciado
Aquela situação.

Pai e filho se abraçaram
Como dois grandes amigos
Que já caminhavam juntos,
Desde tempos muito antigos.
Caminhando lado a lado,
Tendo juntos enfrentado
Aventuras e perigos.

Se vivemos muitas vidas,
Se há reencarnação,
Eu não nego, nem afirmo,
Não digo que sim, nem não,
Mas, eu bem que gostaria
De haver sonhado, um dia,
Que eu era o outro soldado
Que estava ali por perto
E fazer o que acho certo
Por mais que fosse arriscado.


Volta para o primeiro capítulo...

Um comentário:

  1. Foi uma leitura
    muito boa e comovente
    Não sei como Mairton
    comove tanto agente
    só mesmo ele sendo
    um sábio nos trazendo
    da alegria uma semente.

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